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edição de 10 de outubro de 2016

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STORYTELLER O candidato

STORYTELLER O candidato Cientista político é que nem bicho de goiaba: eles aparecem todos os anos, mas não se sabe o que fazem quando não tem eleição nem goiaba LuLa Vieira cada eleição que acaba, os seis milhões A e meio de cientistas políticos que existem no Brasil começam a interpretar as motivações dos eleitores para explicar os resultados das urnas. Cientista político é que nem bicho de goiaba: ambas as espécies aparecem todos os anos, mas a gente nunca sabe o que eles fazem quando não tem eleição nem goiaba. Todo dia os jornais apresentam as mais diversas opiniões de cientistas políticos dos quais a maioria a gente nunca ouviu falar. Tem mais deles do que técnicos de futebol. Toda vez que alguém teoriza sobre comportamento de leitor eu me lembro de uma história linda para provar que de bumbum de criança e urna ninguém deve prever o que sai. Há muito tempo, no tempo que o Rio de Janeiro era Distrito Federal, no tempo que a Rádio Nacional era o maior veículo de comunicação de massa, no tempo que O Cruzeiro era a grande revista nacional, no tempo em que o Brasil era o país do futuro, havia um comediante muito famoso: Silvino Neto. Para quem não sabe, ele era pai do Paulo Silvino, da Globo. Silvino Neto fazia um personagem conhecidíssimo, um herói atrapalhado, chamado Pimpinella (Pimpinella Escarlate). Era muito conhecido no Brasil inteiro e seus programas conseguiam audiências fantásticas. Como eram tempos de pudicícia, seus programas de rádio eram maliciosos, mas aos nossos ouvidos de hoje pareceriam as coisas mais inocentes do mundo. Piadinhas de recreio de velhinhas religiosas. Mas faziam um tremendo sucesso, pois as pessoas adoravam descobrir os significados ocultos sob uma superfície de humor inocente. Exatamente por isso, algumas gravações clandestinas feitas por ele eram disputadas a tapa e copiadas aos milhares. Eram novelas pornográficas (A Pensão do Pimpinella, A Escolinha da Professora Pimpinella e muitas outras). Eu tenho no meu arquivo algumas obras-primas de sua autoria, como “uma corrida de cavalos” e a narração de uma suruba feita por um locutor de futebol. Momentos inesquecíveis de humor! Na suruba narrada pelo locutor de futebol, Silvino faz todas as vozes, inclusive as dos repórteres de campo, comentaristas e dos participantes, homens, mulheres e bichas. Toda vez que eu toco, a plateia chega a passar mal de tanto rir. Bem, o que importa é contar que um dia Silvino Neto resolveu se candidatar a deputado na assembleia do Distrito Federal, também conhecida como Gaiola de Ouro. Nem sei (nunca se soube) se ele queria mesmo se eleger. Pode ser que ele pretendia fazer apenas mais uma galhofa. Nesse quesito pegou mais pesado que o Tiririca, pois decidiu escolher o tema mais honesto e ao mesmo tempo mais cínico de toda a história da política no Brasil: “Eu também quero me arrumar”. E assim era seu discurso. Total desprezo para o exercício de qualquer atividade política. Como um Severino enlouquecido, Silvino pedia votos, pois achava que merecia se dar bem. Não prometia nada em troca, nem ao menos gratidão aos seus eleitores. Pois bem. Quando os votos foram apurados, se descobriu que Silvino Neto tinha sido eleito por uma margem consagradora. O Ibope não fez pesquisa para determinar a razão dos eleitores em votar no Silvino. Se era uma maneira de protestar, como os eleitores já fizeram com Macaco Tião e outros menos votados, ou se era uma sincera homenagem à sinceridade do candidato. Você acha que a história para aí? Tem mais, muito mais. Tal como o personagem daquele filme do Rosselini, interpretado pelo Vitório de Sicca, O General della Rovere (De Crápula a Herói, na versão nacional), baixou o santo no Silvino Neto, o deputado que só queria se dar bem. E ele fez um mandato excelente. Trabalhou como um desvairado na defesa dos interesses dos cidadãos. Não fez falcatrua, não nomeou ninguém da família, não negociou nada. Só lutou para melhorar vida dos cidadãos do Rio de Janeiro, sobretudo os mais pobres. Foi um exemplo. Nunca se soube por que ele resolveu trair os princípios que o elegeram. Mas existem muitos registros de sua atuação irretocável. Com esse currículo, candidatou-se à reeleição, mostrando apenas o resultado de seu trabalho. Você deve estar adivinhando o que aconteceu: não foi reeleito. Lula Vieira é publicitário, diretor da Mesa Consultoria de Comunicação, radialista, escritor, editor e professor lulavieira@grupomesa.com.br 34 10 de outubro de 2016 - jornal propmark

ideiAs Ask For a Joke escolhe o humor como protagonista de conteúdo Alexandre Peralta, Eugênio Mohallen, Heitor Dahlia e Egisto Betti criam empresa e apresentam primeiro produto: o canal Idiotas S/A, no YouTube Divulgação O diretor de cena Heitor Dhalia, os publicitários Eugênio Mohallem e Alexandre Peralta, mais o produtor Egídio Betti, são os sócios da empresa Ask For a Joke MARIANA ZIRONDI Foi graças a um artista de rua, em um parque de Santa Mônica, nos Estados Unidos, que Alexandre Peralta encontrou o nome perfeito para sua nova empresa: Ask For a Joke. Como sugere o título, o humor vai prevalecer nesse negócio que tem na composição a parceria de Engênio Mohallem e os sócios da Paranoid, Heitor Dhalia e Egisto Betti. Basicamente, fazer humor é a base dessa novidade que chega ao mercado para atender não só à publicidade, mas também a internet, o cinema, a televisão e o branded content. Os redatores Peralta e Mohallem acumulam experiências na publicidade, mas querem trazer essa expertise em humor para a criação de conteúdo e a estreia como diretores de cena. Peralta ressalta que não existe no mercado uma empresa com o humor como protagonista, sendo esse o grande diferencial da iniciativa. “Construí minha carreira em propaganda escrevendo, basicamente, campanhas de humor. E hoje, olhando para esse universo os redatores peralta e mohallem acumulam experiências na publicidade, mas querem trazer a expertise em humor para a criação de conteúdo e a estreia como diretores de cena de expansão de mídias, se antes você tinha uma emissora que produzia um conteúdo que todo mundo assistia, hoje muitas pessoas estão produzindo conteúdo para atrair a atenção de tantas outras. Então é a Netflix de um lado, emissora abertas e fechadas do outro, além da internet, todas precisando de conteúdo para se sobressair”, explica Peralta. A Paranoid é um backoffice para a Ask For a Joke, que tem duas frentes de criação: uma de conteúdo e uma de produção, explica Dhalia. O primeiro já está em andamento e vai se chamar Idiotas S.A. O canal no YouTube vai ter esquetes semanais, que serão compartilhadas nas plataformas Facebook, Twitter e Instagram. “Esse formato funciona com o humor há bastante tempo, e é o nosso primeiro produto. Temos roteiros prontos e em desenvolvimento e vamos trazer grupos variados de atores para descobrir o que funciona mais”, esclarece Peralta. “Nossa ambição é ir para o cinema, a televisão, a Netflix, e ser uma célula de criação para qualquer canal”. Existe espaço para uma empresa especializada em humor, acrescenta Dhalia. “Essa é a grande inovação. Não existe nenhuma produtora especializada nisso. Temos essa sacada de estar focados no tema, com várias entradas e mídias”, destaca. “Se uma agência tem uma demanda de humor que não possa atender, ela pode nos demandar. Se quer a produção, podemos fazer também. As agências são nossos parceiros prioritários, mas clientes eventuais para o segmento de humor podem vir a trabalhar com a gente”. Todas as mídias têm potencial para chamar a atenção do consumidor, explicam os sócios. As oportunidades estão em todos os lugares. No cinema, por exemplo, as maiores bilheterias estão relacionadas aos filmes de comédia, reforça Peralta. Dhalia também afirma que a Netflix está começando a investir no Brasil. “Estamos vendendo dois filmes para eles, que estão comprando muito conteúdo brasileiro. Existe grande tendência em isso aumentar”, diz o sócio da Paranoid. jornal propmark - 10 de outubro de 2016 35

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