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edição de 11 de fevereiro de 2019

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editorial Armando

editorial Armando Ferrentini aferrentini@editorareferencia.com.br Uma fonte inesgotável de paixão são os esportes, com destaque para o futuro aqui no Brasil, sempre gerando a ilusão da vitória mesmo que após frequentes derrotas. O amor de uma torcida por um time de futebol é algo que não encontra sustentação lógica, a não ser com a neataques e discordâncias campanha e os resultados finais das últimas eleições gerais no país A dividiram-nos quase ao meio. Se isso foi bom ou ruim, só o tempo dirá, com o possível esfriamento dos ânimos, tanto dos que perderam, quanto dos que ganharam. Estes últimos, logo, logo se darão conta de que novos problemas surgirão no país, além dos já existentes encontrados por quem acabou de tomar posse. cessidade que todos temos, gregos e troianos, do preenchimento do chamado vazio existencial. A política também funciona bem nesse campo. Nem sempre escolhemos nossos preferidos pelas suas obras já realizadas. Muitas vezes – quase sempre – funciona nesse particular uma empatia, difícil de ser definida em termos claros, mas que possui uma força capaz de despertar em cada um sentimentos e daí atitudes inexplicáveis à luz da razão. Os eleitores que julgam ter perdido as eleições, colocando-se no lugar dos seus candidatos derrotados, poderão ter mais motivos para queixas em um futuro breve, além do desagrado pelo fato dos seus candidatos não terem vencido a batalha das urnas. Assim é, assim sempre foi e assim será. Porque nem vencedores, nem perdedores serão capazes de agradar a todos os que votaram nas recentes eleições. Os primeiros não conseguirão cumprir com tudo o que prometeram em campanha e os perdedores não serão opositores suficientes capazes de pressionar aqueles por melhores resultados, uma vez que quando no poder também não cumpriram totalmente com o que haviam prometido antes de terem sido eleitos. Esse quadro de culpas e de impossibilidades, que se repete de dois em dois anos em nosso país, causa um elevado grau de desânimo nos eleitores, ao se darem conta de que a totalidade das suas expectativas não será suficientemente atendida pelos que venceram as eleições. Tem sido assim desde sempre, porque o embate das campanhas exige exageros de parte a parte, muitos dos quais jamais poderão ser atendidos. Ainda que assim seja, fica em boa parte do eleitorado uma esperança de que os seus preferidos, mais cedo ou mais tarde, poderão cumprir com as suas promessas, ainda que muitas delas totalmente impossíveis. Há nesse aspecto de crença e palavras empenhadas, um componente carismático que de certa forma se assemelha ao nosso relacionamento com as divindades. Nesse campo místico, quem faz promessas e não recebe os benefícios solicitados, prossegue acreditando que houve razões dos entes superiores para isso. E não se peja em a eles novamente recorrer quando julgar ser preciso, ainda que o ciclo do não atendimento se repita. O fenômeno – se assim podemos chamar – reside na insolúvel solidão humana diante do seu destino, que aponta o mesmo fim para todos, aqui se enquadrando a humanidade em geral, desde os seus primórdios. Mesmo assim, houve e tem havido uma contínua conquista pela humanidade, que se traduz no prolongamento constante do tempo de vida de cada um de nós, aqui ressalvadas as exceções de praxe. Nesse conflito permanente, gerado pela questão ainda insolúvel da finitude, costumamos nos apegar às paixões, que mexendo com os nossos sentimentos dão mais cor à razão de viver de cada um. O sujeito que tentou assassinar o então candidato e hoje presidente da República Jair Bolsonaro, por mais que não gostasse politicamente da sua vítima, foi muito além do que discordâncias políticas podem provocar. Claro que estamos falando aqui de alguém que agiu por vontade própria e não a soldo de outrem. Pelo menos até agora, nada se descobriu ou se revelou a respeito do criminoso ter assim agido a mando de outrem, no singular ou no plural. O pior dessas atitudes, além do próprio ato criminoso em si, é que ajudam a manter esse tipo de ódio, raiva ou simplesmente desprezo pelo outro que contrariava as suas expectativas. E aqui chegamos onde desde o início deste editorial queríamos: a absurda intolerância com os contrários na política e não só nela, como em muitas outras paixões (e aqui considerando a atividade política como uma incontrolável paixão, tanto pelos agentes profissionais dessa prática como pelos seus admiradores). Os que nos leem, sabem de há muito que temos neste jornal um colaborador muito querido e capaz, que amiúde nos faz rir com os seus cartuns que somente os talentosos como ele são capazes de criar. Pois bem; Dorinho, que nos acompanha desde os primórdios do PROPMARK, tem, como todos nós, suas preferências políticas e isso é um direito inalienável do cidadão. Sendo um cartunista humorístico (há algum que não seja?), Dorinho exercita seu trabalho com toda a liberdade que o humor requer e não apenas o humor, mas o seu sagrado direito de escolher suas preferências e os seus “desafetos”. Nesse exercício profissional, onde não cabe esconder-se, produz trabalhos que a muitos desagradam dentro do campo político. Esse desagrado, porém, deveria parar por aí, sem maiores conflitos, pois o autor está exercendo, através da sua pena, o direito da livre opinião. Não é assim, infelizmente, que alguns leitores pensam. Após as últimas eleições, temos recebido algumas reclamações de leitores inconformados com o posicionamento político de Dorinho nas suas charges. A esses queridos leitores pedimos o obséquio da compreensão democrática, somada ainda ao ilimitado e portanto vasto terreno do humor, onde toda crítica, ainda que injusta para alguns leitores, é sempre possível. Bem a propósito, lembramos a quem nos lê que essa liberdade de expressão é permanente no PROPMARK desde há quase 54 anos e não apenas em cartuns humorísticos, como também em artigos de colaboradores, manifestações de terceiros e todo tipo de forma de discordância com as opiniões e notícias aqui transcritas, pedindo aos seus autores apenas que se identifiquem e mantenham, como aliás sempre aconteceu, um nível elevado nos seus contraditórios. jornal propmark - 11 de fevereiro de 2019 3

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