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edição de 11 de julho de 2016

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produtoras Giros lança

produtoras Giros lança Menino 23, filme que narra história de jovens escravizados Maurício Magalhães chama atenção para a necessidade de as marcas patrocinarem projetos de audiovisual Paulo Macedo As marcas brasileiras e multinacionais que operam no mercado nacional precisam abrir os olhos para o patrocínio de conteúdos audiovisuais. O alerta é do empresário Maurício Magalhães, sócio da agência Tudo e da produtora Giros, que lançou na semana passada o documentário Menino 23, com direção de Belisário Franca e coprodução da Globo Filmes, Globonews e Canal Brasil. Na avaliação de Magalhães, os Estados Unidos podem servir de inspiração para essa opção se tornar viável. Ele cita a série House of cards, que trata da estrutura ética da política norte-americana e costuma ter ações de product placement da Coca-Cola e da Apple, com seus iPads, Mac- Books, iMacs e iPhones, por exemplo. O ator Kevin Spacey já apareceu jogando Playstation. The Big Band Theory, da Warner, já teve até a caninha 51 fazendo merchandising. “Associar uma marca a um projeto de audiovisual é essencial para essa indústria ganhar fôlego. O que temos ainda é muito tímido. Os EUA são um benchmark importante, porque já têm uma sofisticação e sutileza para esse olhar. O cinema americano já faz uso há muito tempo. As séries, que tanto encantam as audiências, costumam atrair marcas de peso mesmo que que a associação seja com um serial killer. O importante é estar em sintonia com o roteiro. Com esse requisito em mente, certamente não vai provocar rejeição. É uma ferramenta poderosa de comunicação e uma linguagem que não pode ser descartada dos processos de comunicação. Há um medo que não faz sentido. O documentário Menino 23 é um relato histórico de uma situação do passado que precisa ser exposta, mesmo porque racismo, exploração infantil, refugiados, intolerância e outros males estão na pauta. Não seria estranho ter patrocínios mesmo porque o público gosta muito de ter acesso à história”, observa Magalhães. Diretor experiente, Belisário Franca tem passagem na publicidade, mas há alguns anos direcionou suas lentes para o documentário, aliás uma decisão bem-vinda porque esse mercado sente a falta de Eduardo Coutinho, que dirigiu obras como Cabra marcado para morrer e Edifício Master. A película de França é resultado de um trabalho investigativo realizado pelo historiador Sidney Aguillar sobre os empresários que são adeptos do pensamento ‘eugenista’ que uniu integralistas e nazistas na década de 1930. Tudo começa com a descoberta de tijolos marcados com suásticas na Fazenda Santa Albertina, de Oswaldo Rocha Miranda, na cidade de Campina do Monte Alegre, em São Paulo. Aguillar estava dando aula sobre a Segunda Guerra Mundial. Uma aluna lhe con- “AssociAr umA mArcA A um projeto de AudiovisuAl é essenciAl pArA essA indústriA gAnhAr fôlego. o que temos AindA é muito tímido. os estAdos unidos são um benchmArk importAnte, porque já têm umA sofisticAção e sutilezA pArA esse olhAr” 28 11 de julho de 2016 - jornal propmark

Fotos: Divulgação No set de filmagem de Menino 23, o diretor de cena Belisário Franca confere os detalhes do documentário no monitor e é observado de perto por um dos garotos que atuaram na fase que narra o sequestro de meninos negros do Rio de Janeiro para a fazenda da família Rocha Miranda, em São Paulo tou sobre os tijolos. Sua pesquisa Educação, autoritarismo e eugenia: exploração do trabalho e violência à infância no Brasil (1930-1945) foi defendida como tese de mestrado na Unicamp e premiada pela Capes. A cena desse quadro nefasto é que 50 meninos negros e mestiços foram levados de um orfanato no Rio de Janeiro para prestar serviço escravo à família proprietária do latifúndio que integrava a elite política da era Vargas, que não escondia a sua aderência ao nazi-fascismo. Os jovens eram identificados por números. Dois sobreviventes dessa tragédia tupiniquim são a base do enredo de Franca: Aloisio Silva, “o menino 23”, e Argemiro Santos. Além deles, familiares de José Alves de Almeida, o Dois, esmiúçam o que passaram. Aloisio morreu no ano passado. O filme participou da edição 2016 da Mostra Competitiva Ibero-Americana de Longas- -Metragens, competindo com produções de Uruguai, Panamá, Espanha, México e Brasil. No mês passado, foi um dos grandes vencedores da 26ª edição do Cine Ceará. “É um filme sensível, que está entrando em circuito nacional de cinema e merece ser assistido. Não tenho participação direta nesse trabalho, obra do Belisario. Minha atividade principal é na Tudo, mas o entretenimento está na veia”, finaliza Magalhães. Aloisio Silva (em primeiro plano), que viveu a história cruel da eugenia no Brasil. Ele morreu no ano passado, mas inspirou o historiador Sidney Aguillar a buscar as raízes do problema que virou tese de mestrado na Unicamp jornal propmark - 11 de julho de 2016 29

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