Views
6 years ago

edição de 19 de dezembro de 2016

opinião welcomia/iStock

opinião welcomia/iStock o Brasil é maior que a pinguela Raul DoRia Estamos terminando um ano que não vai deixar saudades. Indicadores econômicos negativos, ambiente político conturbado e 14 milhões de desempregados desabilitam qualquer tipo de comemoração. Porém, 2017 está chegando e, se não mudarmos nossa atitude, correremos o risco de fazer um ano ainda pior. E, acredito que não temos este direito. O Brasil é maior que isto. Campeão mundial em diversos e variados setores, como o de produção de proteína animal, de soja, laranja, papel e celulose, extração mineral e geração de energia limpa. O melhor sistema de apuração eleitoral do planeta (e aí? acabaram de contar os votos nos EUA?), um sistema bancário invejável. Um povo alegre e trabalhador. O que falta então? Confiança! “tenho a impressão que nosso mercado de comunicação se perdeu um pouco neste ano” Não no governo, pois, de uma forma ou de outra, já aprendemos a andar sem ele. Mas a confiança de que temos um mercado de milhões de consumidores, que, embora assustados, não pararam de comer, de ir ao cinema, ver televisão, ir ao teatro (só em São Paulo estamos com 120 peças em exibição! Bem mais que em New York), navegar na web e viajar nos fins de semana. E tenho a impressão que nosso mercado de comunicação se perdeu um pouco neste ano. Nas encruzilhadas do on com offline, das escolhas de plataformas, da gestão de custos. Saímos de uma estrada que deveria ser uma highway para acessarmos estradas vicinais. E o que precisamos é fortalecer nossos carros, colocar o melhor combustível e acelerar na highway. Na nossa área de produção, não me parece ter sentido um cliente fazer um briefing para duas agências, que por sua vez irão contratar e brifar suas produtoras e fotógrafos para passar os mesmos objetivos e valores das marcas. No tempo em que, mais do que nunca, “time is money”, este esforço gigantesco fez o processo de produção da mensagem durar muito mais do que deveria, por um custo muito mais alto. Dentro do raciocínio que toda crise gera uma oportunidade e a minha convicção é de que precisamos de uma mudança de atitude, reinventamos a Cine, que em fevereiro próximo completará 24 anos. Formamos um grupo de jovens talentos, egressos da New York Film Academy e do Instituto Criar, que, sob a direção do Clovis Mello, do Ivan Abujamra e da Cris Vida, tem realizado trabalhos espetaculares em digital. Utilizando-nos de todo o conhecimento de marca e do DNA dos clientes que atendemos há anos, estamos produzindo off e online de forma integrada, otimizando custos e concentrando informações, uma vez que as equipes trabalham em conjunto e de forma colaborativa, sem que um tenha prioridade sobre a outra e, se preciso for, produzimos também as fotos still, sob a batuta do Abujamra, que, por sua vez, é cria de ninguém menos que Mario Testino. É a nossa forma de colaborar com este novo momento do mercado. Passamos um ano bem desconfortável, mas chegamos ao fim, com a certeza que fizemos a nossa parte. Vamos unir nosso mercado e voltar à autoestrada, acelerando. E não esquecendo que os consumidores não vão para Miami no verão! Estarão todos em seus lares, buscando uma forma de lazer, com seus filhos em férias. Ou seja, consumindo. Deixemos o recesso para Brasília. Vamos entrar em 2 de janeiro com nova atitude e disposição. Vai dar certo! Feliz Natal! Raul Doria é sócio da Cine rauldoria@cine.com.br 18 19 de dezembro de 2016 - jornal propmark

we mkt MF Ilustra É impossível ser feliz nas torres “Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar vale a pena ter nascido”. Fernando Pessoa Francisco alberto Madia de souza Está com dificuldade para pegar no sono. Carneirinhos... Esqueça! Recomendo holocracia e metrópoles verticais. Vez por outra manifestações de excentricidades e despropósitos. E a imprensa, por sobra de espaço ou falta de juízo, acaba embarcando e engrossando o festival de estultices. O caminho pela frente está definido, claro, quase pavimentado. É horizontal, compartilhado, colaborativo. Num Admirável Mundo Novo – de verdade e não o The Brave New World, de Huxley – plano e líquido, de custo marginal zero ou próximo de. Tony Hsieh construiu um sonho. A Zappos. Colaboradores e clientes apaixonados. O primeiro comércio eletrônico que provou ser possível trabalhar com o aditivo de serviços de qualidade, transcendendo amor entre o time interno e na relação com os clientes, e em que o resultado final traduzia-se em lucro e felicidade. E aí Tony e a Zappos foram comprados pela Amazon. Choque natural de cultura e Tony decide seguir as tolices de Brian Robertson, apologista da holocracia – estruturar as empresas a partir das funções e não das pessoas. Em vez da pirâmide, estrutura vertical, “fazer a empresa funcionar em círculos semi-independentes englobando uns aos outros”. Preciso continuar? Começou a bocejar? E aí o festival prospera, ainda que e supostamente holística, “um círculo mais baixo está sempre ligado a um círculo superior... círculos voltados para a implementação de projetos específicos, outros de administração... cada um deles é livre para criar as próprias políticas e decisões, mas deve fazer o possível para cumprir as metas propostas pelo círculo superior...”. Socorro! Ninguém mais quer falar em holocracia na Zappos, dois anos depois... Corta para o economista americano Edward Glaeser. Defensor intransigente e radical do vertical num mundo cada vez mais horizontal. Cidades verticais! Diz e defende: “Para progredir, uma cidade não pode ter restrições excessivas. Limitar alturas e construções tem um custo alto. Construir para cima é uma maneira eficaz de driblar a falta de espaço. As pessoas ficam mais próximas uma das outras, mais conectadas umas às outras: prédios mais altos e com mais capacidade são a melhor coisa para o meio ambiente”! Pela segunda vez, e agora urrando, socorro! Poucas vezes em minha vida vi cegueira tão radical e ignorância absoluta. Glaeser permanece com a velha e corrompida moldura em sua cabeça, e é um dos melhores exemplos de quem olha para o futuro através do retrovisor. Não de qualquer retrovisor. De um retrovisor sujo, trincado e solto. Em entrevista à Época, anos atrás, Glaeser escancarou sua insensibilidade e deficiência visual irreversível. “Nos anos 1980, muitos especialistas previam que as pessoas se retirariam das cidades para morar nos subúrbios e as cidades seriam apenas depositórios de escritórios. A tecnologia permitiu às pessoas estar conectadas online, mas elas também querem se encontrar fisicamente...”, e dá como exemplo o Vale do Silício: “Aquela região da Califórnia cresceu drasticamente não apenas porque empresas de tecnologia se concentram lá, mas porque os jovens que trabalham nessas empresas quiseram estar juntos, também, na mesma cidade...”. Mais conhecida pelos que por lá “viveram” e optaram pela felicidade como a ilha da fantasia... Mais que nunca as pessoas querem preservar e cultivar sua individualidade. Adoram encontrar outras pessoas na hora, lugar e dosagens certas. Reconhecem- -se mais próximas do que nunca através da tecnologia. Na medida em que não mais querem ter, apenas dispor, reduziram radicalmente a necessidade de espaços para objetos e coisas que jamais voltarão a ter. E sentem-se seguras morando e vivendo em comunidades horizontais, no mínimo baixas, e convivendo com seus queridos vizinhos. Parafraseando Tom Jobim, em Wave, é impossível – absolutamente impossível – ser feliz nas torres... Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing famadia@madiamm.com.br jornal propmark - 19 de dezembro de 2016 19

edições anteriores

© Copyright 2022 PROPMARK. Mídia especializada no mercado publicitário. Todos os direitos reservados.