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edição de 2 de abril de 2018

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opinião

opinião davidrasmus/iStock o melhor momento para negociar sua empresa Flavio Conti Aos poucos, o Brasil vai entrando nos eixos. A economia está retomando seu caminho e, se não houver nenhuma surpresa que represente solavanco, tudo indica estarmos entrando num círculo virtuoso. Na minha opinião, depois de uma crise dessas proporções, ficam de pé apenas as melhores empresas. Não que eu defenda a crise, mas acho de verdade que a crise serve muito para promover um certo expurgo. Empresas mal geridas, com pouca capacidade, sem ativos importantes, inclusive humanos, sucumbem diante de um cenário tão adverso quanto esse recente. Agora, neste momento, com preços ainda muito baixos, é hora de comprar empresas, fazer fusões, se fortalecer para aproveitar ao máximo a onda de crescimento. A crise produz um estresse muito grande, esgarça relações, afeta ambientes de trabalho, desmotiva. Desta forma, muitas vezes a opção é aproveitar o momento melhor e se desfazer de ativos. Já vi esse tipo de movimento ocorrer muitas vezes e o entendo como saudável. Desde que a operação de compra e venda ou até fusão se deem em bases legais equânimes, com todo o suporte de profissionais qualificados, é sim possível satisfazer a todas as partes. A boa notícia é que, ao longo da crise, quem tinha maior capacidade financeira não fez movimentos bruscos, preferiu aproveitar a ainda vantajosa relação remuneração/taxa de juro. O resultado é uma conta polpuda e em condições de agregar patrimônio. Na outra ponta, muitas vezes, empresas tiveram de gastar suas economias para poder se manter no mercado. Hoje estão relativamente descapitalizadas e por isso o melhor caminho pode ser se desfazer da operação. “A crise serve muito pArA promover um certo expurgo” Nessa relação de oferta e procura, todas as pontas podem, sim, sair ganhando. Sem contar que, comparativamente, os negócios estão com preços muito atrativos. A queda do juro e a perspectiva de novas quedas também apontam aos mais capitalizados que é hora de ir às compras. Como se pode ver, as oportunidades estão absolutamente abertas. Muitas vezes encontrar um sócio/parceiro para abrir novos segmentos de negócios, ou mesmo novos mercados, acaba se tornando uma ótima alternativa para a empresa. É tudo uma grande tela em branco, de inúmeras possibilidades. Por conta da expertise desenvolvida nesse campo das negociações, aprendendo e lidando com interesses dos dois lados, é possível afirmar, com pequena margem de erro, que estamos vivendo um dos melhores momentos para esse tipo de movimento. Muitas empresas, nas duas pontas, nos têm procurado com esse interesse. Por isso, daqui para a frente, não se espantem com uma possível onda de troca de ativos, vendas, compras e fusões entre empresas. Outro aspecto importante deve ser destacado: depois de uma crise, todas as empresas estão, digamos, mais magras, tal qual um urso que passa meses hibernando. A musculatura está lá, mas bem mais flácida. Voltar a ter o mesmo perfil pode levar tempo e consumir ainda mais recursos, o que pode exigir tomar empréstimos e mudar o perfil de endividamento. Por isso, a opção de venda, ou de união com outro parceiro em boas condições, pode ser, mais do que se desfazer ou dividir ativos, um ato de oportunidade. Empresas com maior volume de produção e clientes ganham escala, a operação volta a ser competitiva e lucrativa em relação à concorrência. Ganham também os clientes, que passam a ter melhor atendimento e produtos melhores e adequados ao novo momento. Aos empresários que vendem, fica a opção de, agora capitalizados, iniciarem outros negócios, se associarem a outros grupos ou, ainda, porque não, aproveitarem a vida com outras coisas, sonhos de consumo e hobbies, dependendo do momento de cada um. Flavio Conti é publicitário e consultor de empresas na área de fusões e aquisições flavio_conti@uol.com.br 30 2 de abril de 2018 - jornal propmark

STORYTELLER Milan Marjanovic/iStock Ser avô É um ser equipamento de prazer, de alegria. Espera-se pouco dele LuLa Vieira Chame-me de avô. Finalmente descobri para que serve a vida: para ser avô. É mais que pai (não sei direito como é ser mãe), mais do que qualquer outra coisa que conheço. A gente faz muita coisa desde que se percebe, e, a cada vez que algo acontece que traz felicidade, vem sempre a sensação de que valeu a pena viver. Mas é só quando uma criança de parcos anos se ilumina ao te ver, sorri extasiada e exclama “vovôooo!” que felicidade ganha outra dimensão. Filhos, é uma delícia tê-los, mas há sempre uma responsabilidade a diminuir a fruição do gozo, pois há que ensinar, proteger, formar e manter. Neto não, neta não. Um avô não tem nenhuma obrigação e sobre ele não há nenhuma expectativa. É um ser equipamento de prazer, de alegria. Espera-se pouco dele. Apenas ausência de horários, permanente disposição e uma falha vocabular. A absoluta impossibilidade de dizer não. Avô estraga tudo, deixa quebrar, arruína celulares, tabletops e velhos bibelôs de família, em troca de um sorriso. E cozinha pão de queijo, amassa cenourinha, corta maçã, verifica a água do banho e não se importa em deixar inundar o banheiro ou o quarto. Aliás, banho é coisa séria. Seriíssima. Patinhar na água é parte integrante da preparação para a vida, pois é um misto de exercício, treinamento de coordenação motora e primeiras noções de física. O fator higiênico do banho, deixe para os pais, preocupados com miuçalhas. Banho para um avô é apenas uma coisa lúdica, uma volta à paz uterina com a vantagem de poder fazer uma enorme farra. Dentre as habilidades de ser avô está o fato de ter um vocabulário bastante elástico: gluglu, nhamenhame, miau, cocó, au-au e outras criações que mudam muito de criança para criança. Por experiência própria, dou um conselho a todos os avós iniciantes: cuidado com as palavras ditas de baixo calão. Uma criança de dois anos é incapaz de dizer corretamente palavras simples como água, comida, sapato, mesa e dormir. Mas é capaz de repetir putaqueopariu, caralho ou merda com a maior clareza. Portanto, treine xingar cadeiras de fascistas, cantos de mesa de reacionários, degraus escondidos de neoliberais. Não os mande tomar no olho do cu, por mais que mereçam. Não é nada agradável ver aquele encanto de criança que você ama acima de tudo, sugerindo à vizinha esse tipo de sexo não ortodoxo. E o que é pior: quanto maior o espanto, mais essas criaturinhas perseguidoras de sucesso (como todos nós) repetem. Se fizer cara feia, então, pode ter certeza que no primeiro restaurante que o anjinho deixar cair uma colher vai ser acompanhada de um sonoro e irretorquível “caralho!”. Por isso, o psicoterapeuta infantil Lula Vieira recomenda: nada de palavrões. Por mais que isso seja difícil. Ser avô (ser avó também é lindo, mas minhas netas são netas de escritora e ela sabe descrever até melhor do que eu o que significa essa dupla maternidade), bem, eu dizia que ser avô também é ter saco. Muito saco. Mas muito saco mesmo. Só isso explica assistir, sem explodir, 50 vezes num único dia a Galinha Pintadinha ou a Turma do Planeta. Ou mesmo a Anitta, pois criança é sobretudo eclética. Para falar a verdade, nem Sonata em Ré Maior resiste a 20 repetições, uma atrás da outra. Ser avô traz outra grande vantagem: a confraria entre amigos na mesma condição. Zuenir Ventura, Luiz Fernando Veríssimo, Marcelo Diniz, Zé Guilherme Vereza e muitos outros cidadãos da maior importância social, intelectual e cívica não sentem o menor pudor em repetir as gracinhas de netos e netas. Escrevo esta coluna antes da Páscoa, pois a data de fechamento imposta a nós mortais pelas maravilhosas editoras da casa é draconiana. Mas eu nunca pensei que a minha inexaurível capacidade de ser ridículo chegasse ao ponto de procurar coelhos em lojas de animais, além de pintinhos amarelinhos. Aliás, eu telefonei para uma delas – Baba Cão, se não me engano – e quase ia perguntando para o rapaz que me atendeu se ele tinha pintinho. Parei antes de falar, embora eu tivesse certeza que ele ia mandar eu consultar minha mãe para saber o que ela achava. Felizmente consegui fazer um circunlóquio e descobri que, tal como uma amiga já tinha me alertado, ultimamente este artigo está em falta. Mas encomendei os tais pintinhos, que farão companhia às minhas cocós, meus miaus e os au-aus que tenho em casa. Lula Vieira é publicitário, diretor da Mesa Consultoria de Comunicação, radialista, escritor, editor e professor lulavieira@grupomesa.com.br jornal propmark - 2 de abril de 2018 31

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