Views
4 years ago

edição de 22 de abril de 2019

opinião

opinião metamorworks/iStock Shoppings: o momento é de transformação Mário Alves Oliveira Você provavelmente já passou boas horas em um shopping center. Corredores cheios, vitrines encantadoras, aquele vaivém de pessoas e uma imensidão de possibilidades que os centros de compras nos oferecem. Mas, com o passar do tempo, muitas coisas mudaram e as tecnologias invadiram as nossas vidas, roubaram a nossa atenção e a pergunta que mais escuto em eventos do setor e em conversas com varejistas é: os shopping centers deixarão de existir? Respondo, com toda certeza, sem titubear: os shoppings nunca deixarão de existir, mas precisarão conhecer, entender e conversar com os novos consumidores para manter a sua relevância. Neste sentido, cada vez mais, os centros comerciais têm se convertido em espaços multiuso de convívio e partilha, apostando principalmente em serviços, alimentação e conveniência, com o objetivo de suprir todas as necessidades dos clientes em um só lugar. Uma frente que se consagrou nos últimos anos é a gastronomia Mas queremos mais que isso. Queremos que os visitantes se sintam maravilhados a cada visita, que pequenos detalhes contribuam para que a jornada dele seja surpreendente e totalmente sem ruídos. Para isso, precisamos verificar a efetividade dessas mudanças para todos os públicos: os clientes, os lojistas e os investidores. Diante do atual cenário, no qual os lançamentos de shoppings estão estacionados, tivemos de repensar o modelo de negócios e iniciar a reconfiguração dos centros de compras para torná-los espaços muito mais públicos e atrativos. No estacionamento, luzes indicam as vagas disponíveis. Nos corredores, áreas de descanso para relaxar, mesmo que por poucos minutos em um dia corrido. Por todo o empreendimento, tomadas para recarregar os devices. Um recente relatório do Coresight Research aponta que as tendências dos shoppings até 2023 contemplam espaços com menos foco em vestuário e uma atuação muito mais como ponto central que inclua diversas soluções aos consumidores. Por exemplo, uma loja, além vender roupas, tem um bar que serve bebidas e comidas e realiza atividades de entretenimento, o que a transforma em um autêntico ponto de encontro. Alguns caminhos podem ser apontados para manter os empreendimentos um negócio rentável com diversos elementos agregadores. O primeiro é o esporte. Usar a atividade física e o lazer como ativação dos espaços do shopping que hoje não são usados e podem atrair novos clientes. Outro ponto é promover o shopping e o espaço público como lugar lúdico, levando os clientes a frequentarem novos locais para brincar, ler, estudar, descansar e até mesmo trabalhar. Uma frente que se consagrou nos últimos anos é a gastronomia, elemento de interação social que reúne diversas culturas, colaborando para uma experiência completa nessa área. Segundo a pesquisa Perfil do Frequentador de Shopping Centers, realizada pela Abrasce, alimentação representa hoje a segunda principal razão de visita aos shoppings. E é com base em dados como esse que o mercado tem buscado oferecer para o público possibilidades que atendam aos mais variados perfis – seja para um lanche rápido, um café ou happy hour com amigos até opções como um almoço de negócios ou com a família. Comodidade, segurança, infraestrutura completa e fluxo de pessoas constante são alguns dos atributos que tornam os shopping centers espaços ideais para a abertura de restaurantes e franquias de grandes marcas. Com todas essas mudanças, queremos que os clientes se identifiquem com as novas formas dos shopping centers e as empresas que administram esses ativos utilizem essas informações em suas tomadas de decisões, para que esses espaços continuem como uma das principais opções quando pensamos em investimentos sólidos. Para mim, está claro: os shoppings estão vivos e continuaremos a adaptar formatos e ofertas de acordo com o novo estilo de vida dos consumidores. Mário Alves Oliveira é diretor-executivo de desenvolvimento e M&A da Sonae Sierra Brasil comunicacao@sonaesierrabrasil.com.br 32 22 de abril de 2019 - jornal propmark

marketing & negócios Kardd/iStock Em busca do passado desprezado A maioria dos empreendimentos digitais simplesmente não decolou ou vem operando aos trancos e barrancos Rafael Sampaio Há cada vez mais jovens profissionais na faixa de cinco a 15 anos de atividade com nostalgia de um passado que mal conheceram ou apenas ouviram falar. Não se trata de saudosismo, como seria no caso de gerações que os antecederam e levaram a publicidade, aqui e nos principais mercados do mundo, a um patamar exuberante de qualidade, eficiência, eficácia e rentabilidade. A revolução tecnológica-digital, que trouxe todo um universo de possibilidades, facilidades e esperança, colocou abaixo muito do que havia sido edificado e conquistado, e, contrariando as previsões mais otimistas, não deu muito certo - com raríssimas exceções. A esmagadora maioria dos empreendimentos digitais simplesmente não decolou ou vem operando aos trancos e barrancos, com baixa ou nenhuma rentabilidade, alguns vivendo de capital especulativo, na espera do milagre da sustentabilidade que não acontece. No caso dos consumidores, eles já se mostram cansados dos truques baratos, do amadorismo, da inconsequência e da falta de encantamento que estavam esperando da avalanche de disponibilidade e possibilidades do mundo digital. Entre os anunciantes, estes estão engatando a marcha à ré. Depois do sonho da publicidade gratuita ou barata, dos consumidores engajados com suas marcas e da alta velocidade de se chegar ao sucesso, que simplesmente não vem acontecendo. As agências descobrem-se em uma bad trip, após a euforia de um ambiente com menos regras, baixa barreira de entrada e possibilidade de todas atenderem a qualquer gênero de cliente, de qualquer tamanho. Na concorrência predatória em que se meteram, com maior ou menor sanha, a maioria opera com dificuldades, entrega pouco e vê o mercado perto de desandar. Os meios tradicionais de comunicação oscilam entre os muito prejudicados, que vivem um terrível pesadelo, como os jornais e revistas; outros que se safaram razoavelmente, como o rádio; ou que até têm ido bem, como a TV e a mídia OOH, que estão incorporando com sucesso parte dos novos recursos. E a mídia digital, que entrou no modelo de que o vencedor leva tudo, busca desesperadamente uma saída para a armadilha na qual se enfiou. De um modo geral, porém, quase todos do setor publicitário, tanto empresas como profissionais, estão trabalhando mais, faturando menos e perdendo inspiração, vontade e esperança. Os profissionais de todas as áreas, em particular, se descobrem ganhando menos do que sonhavam, trabalhando muito mais e sofrendo um nível de estresse alarmante. O eldorado na nova economia está se mostrando mais para uma madrasta perversa do que um pai amoroso (ou mais para um padrasto mau que uma mãe dedicada). A realidade é que quando havia menos recursos e facilidades existia maior empenho, inteligência e esforço na estruturação de soluções. Até pela limitação de alternativas, os anunciantes experimentavam menos, investiam com maior segurança e obtinham retornos mais previsíveis. Na proporção do volume de competidores daqueles tempos áureos da publicidade, mais marcas com maior força, rentabilidade, sustentabilidade e permanência foram construídas, com menos “unicórnios”, que são a exceção da exceção, e mais solidez na estruturação de mercados de relevância. Não se trata, evidentemente, de propugnar um retorno aos “bons velhos tempos”, porque eles realmente não voltarão mais, mas olhar com atenção e senso crítico para o que era bom no passado e deve permanecer e ser resgatado, seja em sua forma tradicional, com uma roupagem moderna, ou até radicalmente transformado pelos recursos digitais, mas sem perder sua essência vencedora de décadas ou, mesmo, secular. Rafael Sampaio é consultor em propaganda rafael.sampaio@uol.com.br jornal propmark - 22 de abril de 2019 33

edições anteriores

© Copyright 2022 PROPMARK. Mídia especializada no mercado publicitário. Todos os direitos reservados.