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edição de 23 de outubro de 2017

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inspiração Veneza

inspiração Veneza brasileira, ou mais Chico Veron não acreditava, mas quando chegou a Caraíva, no sul da Bahia, logo descobriu que sua segunda fonte de inspiração tem rio, mar, pastel, forró e capitalismo amigável 34 23 de outubro de 2017 - jornal propmark

Chico Veron é redator da WMcCann Fotos: Divulgação CH ICO VERON Especial para o PROPMARK Quem me conhece sabe o tamanho da ligação musical e espiritual que tenho com a Bahia. Quando fui convidado para escrever nesta coluna sobre inspiração, logo pensei: chegou a hora de retribuir um pouco do que a Bahia já fez por mim. Pensar que a Bahia é logo ali é, sem dúvida, uma válvula de escape. Desligar do trabalho e viver intensamente tudo o que não é trabalho é o melhor que você pode fazer pelo seu trabalho. Isso, sim, é inspiração de verdade. Mais que inspiração, é renovação. Mas, para não generalizar, vou falar de um lugar específico da Bahia, que considero a minha segunda maior fonte de inspiração no mundo: Caraíva. Confesso que, antes de conhecer Caraíva pessoalmente, eu tinha uma certa raiva. Porque todo mundo que ia para lá voltava fascinado, só falava nisso. Eu pensava: não é possível que seja tudo isso. Até ir pela primeira vez. Caraíva fica no sul da Bahia e, para chegar lá, você precisa atravessar de canoa o Rio Caraíva, uma travessia de cinco minutos que te faz se sentir em Veneza. Mas aí você se lembra que, na verdade, é Caraíva, e Caraíva é muito melhor que Veneza. Até porque Veneza é Itália, e Caraíva... Caraíva é Brasil, porra! Andando por lá, você descobre que tem rio e tem mar, também. E, em determinado local, o rio e o mar se encontram. Vou repetir: o rio e o mar se encontram. Isso é um caso sério. Nessa hora, puxe sua cadeirinha de praia – ou melhor, de rio – peça o peixe do dia na barraca do Zé Raimundo e aprecie sem moderação. Mas ‘pera’, deixe um espaço no estômago: você precisa provar o pastel de arraia do Boteco do Pará. Não é só um pastel de arraia: é ‘O pastel de arraia’. E é cremoso. E é de arraia. Para a sobremesa, procure o Canto da Duca. Prove o doce Nega Maluca. E, por favor, converse com a Duca. Você vai sair de lá mais sábio e mais simples. Preciso falar também sobre a bebida local, o Netuno. Uma bebida à base de gengibre que, inexplicavelmente, te faz sair rodopiando pela pista de forró (e acordar no dia seguinte com a voz do Cid Moreira). Por falar em forró, lá tem dois: o Forró do Pelé e o Forró do Ouriço. Dois estabelecimentos distintos que, apesar de concorrentes, não rivalizam e, sim, revezam: quando um abre, o outro fecha. Tudo o que o capitalismo poderia ser, e nada do que ele é. Tudo isso ocorre o ano todo. Mas se você for na alta temporada – que infelizmente é inflacionada – tem uma valiosíssima recompensa musical. Tem uma banda incrível por lá, composta por músicos talentosíssimos, chamada Caraivana. Tocam um pouco de tudo que existe de melhor: Noel, Dorival, Chico, Gil, Caetano, Cartola etc. E ainda têm ótimas canções autorais. Aliás, faça um favor a si mesmo e ouça Nunca me acostumo com a beleza do mar, de autoria deles. Tem no Spotify. Repare que o nome da música já é, por si só, uma filosofia de vida. Todo ano tem também a maravilhosa Mariana Aydar, que ainda recebe convidados pra lá de especiais para dividir o palco. Aliás, faça outro favor a você e escute Te faço um cafuné, do mestre Dominguinhos, na voz da Mariana. Depois você me agradece. E, quando parece que não há mais o que admirar, anoitece. Aí a coisa fica séria. Porque o céu de Caraíva é daquelas coisas que só a Bahia tem, e não sou eu quem vai se atrever a descrevê-lo. Fico devendo. Mas, como disse, Caraíva é só a minha segunda maior fonte de inspiração. A primeira está numa cidadezinha do interior de São Paulo, a minha Porto Feliz. Lá tem duas preciosidades que a Bahia não tem: a dona Rosa e o seu Noé. E, para falar sobre eles, eu precisaria de muito mais que esses 3.600 caracteres que me deram. Fica para a próxima. Desligar a tomada A malemolência da Bahia é uma oportunidade para se desligar da vida agitada das grandes cidades. Caraíva é um desses paraísos. A plasticidade dos barquinhos de pesca (foto acima, à esquerda), encontrar os amigos para uma breja, ouvir Mariana Aydar cantar Te faço um cafuné e descortinar vistas do rio que banha a cidade, são alguns dos itens indispensáveis nessa cidadezinha que afaga o estresse, recupera energias e dá um tapa na criatividade. jornal propmark - 23 de outubro de 2017 35

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