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edição de 25 de maio de 2020

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we mkt Inteligência

we mkt Inteligência Artificial e a morte “O fim da esperança é o começo da morte” Charles de Gaulle Francisco alberto Madia de souza Meses atrás, na seção Link, do Estadão, uma pagina inteira de assuntos funestos. Antes da Covid-19. Agora, é o jornal todo. Que só os tech addicted e os sinistros devem ter chegado ao fim. Uma página comentando sobre os avanços na relação tecnologia X morte. A pauta nasceu a partir de um estudo que vem sendo realizado pelo Labdaps – Laboratório de Big Data e Análise Preditiva da Saúde – da USP. Os jornalistas tiveram acesso às informações preliminares do estudo e, sem saber exatamente como noticiar, escolheram como título: Inteligência Artificial tenta prever quando as pessoas vão morrer. Tudo bem, se você teve vontade de rir fique à vontade. Eu ri. Para isso não seria preciso inteligência artificial. É suficiente conviver e olhar para as pessoas. Minha mulher tem um primo médico que, de tanto conviver com pacientes terminais, desenvolveu uma sensibilidade: sente o cheiro da morte. Quando cruza com uma pessoa que exala esse aroma fúnebre e preditivo, estabelece com uma precisão quase que absoluta, quantos dias ou semanas mais de vida aquela pessoa tem pela frente. Quando ele chega perto de mim desconverso e saio fora. Na matéria, os cientistas dizem que já é possível, pelo estágio alcançado, prognosticar-se com um elevado grau de acerto, 70% dos momentos dos óbitos, mas, claro, o objetivo do estudo não é esse, caso contrário seria uma espécie de prazer de sádicos... O objetivo é de tentar identificar caminhos para ampliar o tempo de vida, e, também, garantir melhores condições de vida nos meses ou anos que restam. O estudo trabalhou sobre os dados de 2.808 idosos e levou em consideração 37 variáveis, submetidas ao escrutínio, processamento, organização, análise e inferências da Inteligência Artificial. Considerou o dado de 70% dos idosos, e aplicou as conclusões sobre os outros 30%. E fez seus prognósticos olhando para os cinco anos seguintes. Das 118 mortes que ocorreram no período a Inteligência Artificial prognosticou com um grande grau de acerto 83. Reiterando, o objetivo não era e não é esse. É o oposto. Como tentar garantir mais anos de vida e com qualidade. E aí, apro- veitando o restante do espaço, e dentro do tema morte, Link foi atrás de startups brasileiras nesse território. Sem grandes novidades. Apenas a constatação de Market Places se organizando para disponibilizar alternativas de serviços para as famílias. E deu destaque a WebLuto, um marketplace dos funerais. Dezenas de prestadores de serviços anunciam-se na plataforma para vender sepulturas, cremações, velórios, flores e transporte. Sintetizando, com pinceladas de humor negro pelo proprietário do Web- Luto, Siderlei Gonçalves, como “somos uma mistura de Uber e hotel urbano com destino à eternidade...”. E aproveitando o tema os jornalistas do Estadão, Bruno Romani e Giovanna Wolf, deram uma olhadinha para fora. Foram atrás de novidades no business da morte, muito especialmente nos Estados Unidos, um mercado de US$ 20 bilhões/ano. E a grande novidade, descoberta pela Giovanna, é uma empresa americana, a Recompose, “aceleradora”, não de startups, de cadáveres mesmo, para transformar os mortos em um pequeno pedaço de solo, através do método da compostagem. O corpo fica exposto durante um mês a uma mistura química num reservatório a 50 graus centígrados. No final do processo a família recebe o resultado: um pequeno torrão de terra, onde poderá plantar uma planta ou árvore, e colocar num canto especial do jardim da casa, ou num grande vaso no apartamento. Investidores já colocaram US$ 7 milhões na startup Recompose. Para quem se interessar pelo assunto, e considerar a possibilidade de investir no próspero negócio da morte – o único em que se tem certeza absoluta que mais cedo ou mais tarde vai acontecer – recomendo dar uma olhada no Ted, onde a arquiteta e dona da empresa Katrina Spade defende sua iniciativa. Segundo Katrina: “Que bom seria se nossos corpos pudessem ajudar novas vidas manifestarem- -se e crescerem depois de nossas mortes. Harmonizando, simultaneamente, partidas com chegadas. Talvez, a melhor forma de glorificar e eternizar a vida.” Tudo isso antes da Covid-19. Neste momento, e mais do que nunca, precisamos resistir. Perder a esperança, jamais. E é muito bonito glorificar e eternizar a vida. Claro, desde que não seja conosco. Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing famadia@madiamm.com.br Marc-Olivier Jodoin/Unsplash 18 25 de maio de 2020 - jornal propmark

inspiração Correr atrás! Pixabay e Arquivo Pessoal “A fluidez harmônica dos pensamentos depende, fundamentalmente, da ocupação, que também impede a distração” Larissa MediaLdéa especial para o PrOPMarK Inspiração existe, mas ela precisa te encontrar trabalhando. Essa frase é do pintor espanhol Pablo Picasso e diz muito do que penso sobre inspiração e criatividade na vida e no trabalho. Elas existem, mas não podemos ficar sentados e de braços cruzados, esperando chegarem. Temos de arregaçar as mangas, estabelecer um objetivo e correr atrás. Sempre mergulhei de cabeça em tudo que faço e em minha profissão não é diferente. Aliás, temos um grande defeito. Costumamos dividir nossas vidas entre pessoal e profissional. Isso consiste em uma separação que não acontece na prática. Somos um só e não existe um botão de ativar o modo trabalho e desativar o modo pessoal ou o contrário. Pensem em todas as barreiras que deixariam de existir se não separássemos tantas coisas. Tudo se tornaria mais simples, certo? O simples é bom, é criativo e estimulante. Confesso que, depois de ter deixado de separar minha vida da minha profissão, percebi gastar menos tempo na execução das atividades e mais tempo me dedicando a adquirir conhecimentos para “resolver problemas”, focando meu tempo no que realmente merece minha energia. Nunca acreditei que cumprir rigorosamente a jornada de oito horas de expediente fosse eficiente. Calma! Não estou falando em trabalhar 24 horas por dia, ok? Aliás, creio na qualidade do tempo e não na quantidade dele. É preciso deixar as portas do olhar e da mente abertas para que novas ideias surjam, independentemente de estar trabalhando ou não. A fluidez harmônica dos pensamentos depende, fundamentalmente, da ocupação, que também impede a distração. Ninguém é criativo sem conteúdo, muito menos sem dedicação. Observo muito e tiro proveito de todas as experiências ao meu redor. Seja em um aniversário de criança, em uma palestra internacional, num bate- -papo com amigos, durante viagens, no cinema, lendo um livro, tomando banho ou, simplesmente, vendo a vida passar. Se estivermos atentos, o processo de criação acontece em meio às referências. É um exercício delicioso e requer tentativas, experimentações e erros. Se joga. Uma maneira de organizar meus pensamentos são os mapas mentais, com eles consigo canalizar a capacidade de assimilar conteúdo. Nosso cérebro é mais eficiente quando estimulado visualmente. Tudo pode ser inspiração na hora de desenvolver uma ação, um novo produto ou, até mesmo, dar palpite na tarefa alheia. Só assim seremos capazes de criar projetos novos, com algo a mais a dizer. O diferente sempre me fascinou, embora seja assustador para muitas pessoas. Gosto da diversidade em todos os aspectos e acredito que todo conhecimento é válido. Busco conhecer até aquilo que parece inútil. Tudo se transforma, algo pode parecer banal para uns, mas pode ser a solução de um problema para outros. Por que não? Sou responsável por um time de marketing formado por pessoas detentoras de conhecimentos muito diversos, e a troca é essencial. Quanto mais compartilhamos, melhor flui o processo de criação entre minha equipe. Muitas vezes me deparo com profissionais recém-chegados, muito capacitados, mas sem conhecimento profundo do nosso negócio. Muitas perguntas feitas por eles seriam simplesmente respondidas com um ‘porque o nosso mercado funciona assim’, mas não me permito dar respostas tão óbvias como essa. Sempre vejo nesses questionamentos uma grande oportunidade de repensar processos, pois se eu só tenho essa resposta a dar, é porque não temos um motivo forte para fazer o que estamos fazendo. O fato de alguém não conhecer em profundidade aquilo que você faz ou, simplesmente, não pensar como você acaba te completando e tirando do pensamento mecânico e perigoso. Parece frase batida de livro sobre inovação, mas a prática é difícil. Precisamos ter coragem para nos permitirmos errar e assumir, bem como necessitamos ser empáticos com os erros e dúvidas dos outros. Ainda somos humanos e a ideia é que sejamos melhores juntos! E viva Picasso que, em meio à incompreensão, se manteve firme e foi um grande gênio! Larissa Medialdéa é head de Marketing da Clear Channel Brasil. jornal propmark - 25 de maio de 2020 19

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