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edição de 26 de junho de 2017

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STORYTELLER

STORYTELLER diane39/iStock O dia que fui em cana O pobre do fuzileiro naval que deveria guardar o farol foi preso. Acabou entregando o produtor do filme LuLa Vieira Uma vez, na Thompson, nós criamos um filme para a De Beers (um diamante é para sempre…) que se passava num farol marítimo. Era uma cena romântica com um casal que namorava sob o farol, num fim de tarde. Quando o sol ia se pondo, o rapaz tirava do bolso um anel com um puta de um diamante e enfiava no dedo dela. Sem jogo de palavras, por favor. O anel era dele, o dedo dela, tá? Daí, o resto vocês imaginam: um enorme de um beijo, close no diamante, a luz do sol se fundia com a luz do diamante, o clarão dominava a tela, a música subia e entrava a assinatura do cliente. Ah! Em tempo! Estávamos em plena ditadura militar, a pior fase. A explicação tem importância de agora em diante. Ocorre que o diretor de arte do filme achou o farol de Ponta Negra, no Rio de Janeiro, meio derrubado. E resolveu pintá-lo. Até hoje não sei por que na hora de escolher a nova pintura, eu (o grande babaca) dei a ideia de fazê-la em quadrados vermelhos e brancos. O que eu não imaginava era que desenho de farol tem algum significado para a navegação, assim como a intermitência da luz, etc. e tal. Bem, pintamos o farol (ficou uma gracinha), fizemos o filme e deixamos a nova decoração como um presente à Marinha Brasileira. Pra quê? Deu o maior rebu. O farol, viadíssimo, todo pintado de quadradinho quase avacalha toda a navegação no Sudeste brasileiro. Pilotos de navios não conseguiam entender que merda era aquela. De uma hora para outra aparecia num acidente geográfico, um pirocão todo decoradinho, inteiramente em desacordo com as normas internacionais. Choveram reclamações. A paranoia da época chegou a pensar em sabotagem comunista. Moscou resolvera invadir as nossas praias. Ou Cuba. E o primeiro passo seria esculhambar nossa sinalização. Mais ainda: os perigosos comunistas resolveram ridicularizar as Forças Armadas sugerindo que os homens do mar brasileiros fossem boiolas. O pobre do fuzileiro naval que deveria guardar o farol foi preso. Acabou entregando o produtor do filme, que entregou o diretor de arte, que me entregou. Como se diria na época, caímos todos. Eu só não fui realmente em cana porque sou macho. Fugi pela janela da Thompson tão logo o jipe da Marinha surgiu no pátio. Graças a Deus, o pai de um estagiário era almirante e a gente conseguiu negociar a repintura do farol, salvando assim o tráfego marítimo nas nossas águas. E as nossas peles. O único que quase apanhou foi o diretor de arte. Diante do tenente aos berros, que queria saber quem tinha feito aquela palhaçada, ele revirou os olhinhos, pôs as mãos na cintura e reclamou: “Você é muito mal agradecido.” Também acho. Farol decorado com quadradinho compõe mais naquela paisagem. Lula Vieira é publicitário, diretor da Mesa Consultoria de Comunicação, radialista, escritor, editor e professor lulavieira@grupomesa.com.br 26 26 de junho de 2017 - jornal propmark

CAnnes Brasil ganha 99 Leões no festival e AlmapBBDO é vice-campeã de 2017 País superou resultado do ano passado, quando somou 90 troféus; Young Lions Brazil foi destaque, com a conquista do inédito ouro em Film KELLY DORES - de Cannes Repetindo o bom histórico, a propaganda brasileira ganhou 99 Leões no Festival Internacional de Criatividade Cannes Lions, encerrado no último dia 24, no Palais des Festivals, superando o desempenho do ano passado, quando foram conquistados 90 troféus. A AlmapBBDO é a vice-campeã da competição – em 2016, ela ficou com o primeiro lugar. A australiana Clemenger BBDO, de Melbourne, foi eleita a Agência do Ano. Ela criou o case Meet Graham. A terceira colocada é a McCann Nova York, que desenvolveu Fearless Girl, a campanha mais premiada do festival, com quatro Grand Prix. A Holding do Ano é a WPP; a Network do Ano, a BBDO Worldwide; e o título de Agência Independente do Ano ficou com a Droga5. A Palme d’Or, que destaca a produtora de filmes mais premiada, foi para a MJZ USA. As três agências brasileiras mais premiadas na 64ª edição do Cannes Lions foram AlmapBBDO, com 22 Leões (um recorde da agência), Ogilvy (11) e DM9 (dez). Os 99 Leões representam 28 empresas, sendo 14 ouros, 32 pratas e 53 bronzes (veja tabela nesta página). Um destaque este ano foi a delegação do Young Lions Brazil, que ganhou pela primeira vez ouro na área de Film. O país não conquistou Leões em Film Craft, Titanium, Innovation e Creative Effectiveness. Campanha mais premiada do festival, Fearless Girl conquistou os GPs de PR, Glass, Outdoor e Titanium. Criada pela artista Kristen Visbal numa ação da McCann de Nova York para o State Street Global Advisors, a estátua da menina de bronze que enfrenta o touro de Wall Street chamou a atenção do As três AgênciAs brAsileirAs mAis premiAdAs nA 64ª edição do cAnnes lions forAm AlmAp, ogilvy e dm9 TrOféus BrAsiLeirOs Agência Ouro Prata Bronze Total ALMAPBBDO 5 9 8 22 OGILVY 3 3 5 11 DM9 1 4 5 10 GREY 1 2 5 8 AFRICA 1 1 5 7 J. WALTER THOMPSON - 2 4 6 Y&R 1 1 3 5 PUBLICIS 1 - 2 3 NEOGAMA - 1 2 3 FCB - 2 - 2 TALENT MARCEL - 1 1 2 LITTLE GEORGE - 1 1 2 F/NAZCA SAATCHI & SAATCHI - - 2 2 NBS - - 2 2 DAVID 1 - - 1 HAVAS LIFE - 1 - 1 BETC - 1 - 1 TV GLOBO - 1 - 1 AKTUELLMIX - 1 - 1 CCZ*WOW - 1 - 1 DENTSU - - 1 1 LEW’LARA\TBWA - - 1 1 NOVA/SB - - 1 1 AKQA - - 1 1 SOKO - - 1 1 FURF DESIGN STUDIO - - 1 1 NEW 360 - - 1 1 Z+ - - 1 1 TOTAL 14 32 53 99 mundo. O empoderamento feminino, aliás, foi um assunto recorrente em Cannes. Prêmios à parte, algumas polêmicas tomaram conta da semana do Cannes Lions 2017. Durante o festival, agências, anunciantes e delegados em geral foram surpreendidos pelo anúncio do CEO do Publicis Groupe, Arthur Sadoun, de que o grupo não vai participar de Cannes em 2018 e de nenhum outro festival. Já Martin Sorrell, CEO do WPP, disse que Cannes está muito caro e precisa mudar, inclusive de cidade. Reflexo da crise deflagrada, a direção do festival anunciou rapidamente a criação de um conselho consultivo para discutir o futuro do evento (leia mais sobre o assunto na página 35). Outra questão que chocou os participantes foi a ameaça do festival de retirar as credenciais dos jornalistas brasileiros, caso os profissionais não respeitassem o embargo dos resultados. “Acho infeliz Cannes estabelecer um embargo para a imprensa brasileira. Acho que o festival vai reconsiderar”, afirmou Nizan Guanaes, fundador do Grupo ABC (veja mais detalhes na página 28). jornal propmark - 26 de junho de 2017 27

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