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edição de 26 de novembro de 2018

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FELIPE TURLÃO Não

FELIPE TURLÃO Não existem soluções mágicas para que os veículos que nasceram na mídia impressa voltem a crescer, mas, pelo menos nos Estados Unidos, já há claros sinais de que isso deve acontecer, de acordo com Jeffrey Cole, CEO do Center for the Digital Future, braço de pesquisa da USC Annenberg School. Ele foi convidado do IAB Brasil para o primeiro Connecting Leaders, ocorrido neste mês de novembro em São Paulo. “Existem apenas três maneiras para os consumidores adquirirem conteúdo. O número um é pagar por ele, o número dois é aceitar publicidade, e o número três é roubá-lo. Mesmo as pessoas que roubam reconhecem que este não é um modelo de negócio muito bom. Então, existem apenas as duas primeiras escolhas ou uma combinação. Se os brasileiros não querem pagar paywalls, a única opção é a publicidade”, afirma o especialista, ao ser questionado sobre modelos possíveis para os veículos impressos no país. Os modelos de publicidade, de acordo com Cole, podem ser formatos diretos ou compartilhamento de informações sobre hábitos de compra e demais dados sobre os usuários. “No final das contas, as pessoas terão de pagar, de uma forma ou de outra. Sem isso, não há como o conteúdo ser criado e mantido”, diz. “Nos Estados Unidos, a única alternativa para pagar paywalls e publicidade são os bilionários que compram jornais para serem bons cidadãos. Isto é o que Jeff Bezos fez com o Washington Post. Mas, lembramos, mesmo ele ainda tem uma paywall”, completa. Mas o que, de fato, pode transformar hábitos e fazer com que as pessoas considerem investir em informação de quamídia Especialista aponta publicidade e paywall como soluções para impresso Jeffrey Cole, da USC Annenberg School, destaca que grandes jornais, como o New York Times, estão batendo recordes de assinaturas digitais Jeffrey Cole: “Se os brasileiros não querem pagar paywalls, a única opção é a publicidade” lidade, ainda mais em tempos de fake news? Segundo Cole, já existe um movimento nos Estados Unidos muito por conta da ascensão de Donald Trump. “Vimos que, sob Trump, as pessoas agora percebem que a qualidade da informação é importante. É por isso que o New York Times, o Washington Post e o Wall Street Journal estão quebrando recordes com assinaturas digitais”, avalia. “Mais que modelos, o que realmente precisa mudar é que os cidadãos têm de acreditar que a informação genérica não é boa o suficiente. Nos EUA, eles passaram a acreditar que escrever e editar profissionais é tão importante que vale a pena pagar. Essa é a única solução real para a solução dos problemas”. Um dos maiores problemas para se compreender o valor do bom conteúdo, hoje, são as fake news. Não há uma solução imediata para elas, mas o que tem “Sob Trump, aS peSSoaS agora percebem que a qualidade da informação é imporTanTe” de acontecer, segundo Cole, é que as pessoas se habilitem a apoiar a mídia em que confiam, e não aquela que apenas dá suporte às visões de mundo que elas já possuem. “É um passo muito grande para ser dado. Por isso, é um problema tão difícil de se resolver”, resume Cole. “Historicamente, nem brasileiros, americanos ou pessoa de qualquer outra nacionalidade são bons em separar boas informações das ruins”, reconhece. Para conteúdos dedeo, o modelo de streaming será dominante no futuro, mas a ideia de pagar para ver filmes e séries de dezenas de players não Divulgação parece fazer muito sentido, na análise de Cole. “A era da televisão linear, observando quando outras pessoas dizem para você assistir, está morrendo e tudo será sob demanda. Mas o modelo OTT (over-the-table) não precisará ser sempre pago. Acredito que uma família média só estará disposta a pagar por três ou quatro serviços de pagamento por vídeo, no máximo”, avalia. Assim, na prática, uma parte do streaming será paga, e outra parte poderá ser ofertada mediante oferta de publicidade. “Acreditamos firmemente que o streaming, parte dele por meio de um modelo de pagamento, é o futuro do conteúdo. Nossos estudos mostram que, para pessoas com menos de 30 anos, apenas 20% de sua televisão é ao vivo. Os outros 80% são gravados ou transmitidos. E dos 20% que são ao vivo, quase todos são esportes”, informa. 36 26 de novembro de 2018 - jornal propmark

STORYTELLER Nastco/iSotck Papai Noel Depois de sua morte, foi considerado santo e virou São Nicolau LuLa Vieira Já é Natal. Pelo menos nos shoppings. Aqui no Rio já estamos finalizando a árvore da Lagoa, antes Bradesco, agora, Petrobras. E por todo canto a figura de Papai Noel, que tem resistido a todos os modismos. Sua história remonta ao século IV e, por incrível que pareça, sua origem é turca. Sua figura foi inspirada num bispo turco. Dá para acreditar? Pois é isso mesmo. Esse tal bispo, aliás arcebispo de Mira, na Turquia, costumava ajudar anonimamente seus paroquianos em dificuldades. Ele identificava quem precisava de um apoio concreto e, sorrateiramente, colocava um saco com dinheiro junto à chaminé do inadimplente. Nenhum conselho, nenhuma exortação, nenhuma palavra de força espiritual. Ele dava grana. Ouro, moeda. Depois de sua morte, foi considerado santo e virou São Nicolau. Na ritualística que a santificação exige, há sempre a necessidade de que o candidato tenha produzido milagres. Ou melhor, é necessário que fique provado que através de sua intervenção tenham acontecido fatos sem explicação humana ou científica, uma ação divina. No caso do arcebispo, a burocracia vaticana foi facilitada. Não poderia existir, além da loucura total, outra razão para alguém na calada da noite colocar sacos com dinheiro na chaminé de pessoas em dificuldades. Só mesmo a presença de Deus. Eventualmente com chicote nas mãos. O arcebispo virou santo, São Nicolau, mesmo sem ter feito cego enxergar, aleijado andar e político ser honesto. Sua cota de milagres foi preenchida pelas suas ações terrenas. Pois bem, São Nicolau virou símbolo da distribuição de presentes por ocasião do Natal. Era representado como bispo, com trajes típicos de sua ordem religiosa, magro, sério, algumas vezes com uma áurea e acompanhado de uma rena. Era mais ou menos assim que São Nicolau viveu e povoou os sonhos de muitas crianças que esperavam presentes de Natal. Até que em 1886 um cartunista americano chamado Thomas Nast deu uma remandiolada na figura clerical de Papai Noel e lhe vestiu com uma roupa vermelha e lhe decorou com farta barba branca, para ilustrar a capa da revista Harper’s Weeklys, da qual era o diretor de arte. Os americanos assumiram esse visual como padrão durante décadas. Mas não havia toda a lenda formada, embora em alguns casos já aparecessem outros elementos até hoje incorporados ao personagem, como o trenó e as renas. Em 1931, a Coca-Cola adotou o Papai Noel como propriedade sua e os artistas das agências que trabalhavam para a marca finalizaram a figura de uma das entidades mais conhecidas do mundo. Papai Noel ficou rechonchudo, risonho, barbudo e o trenó e as renas entraram para seu universo. Centenas de anúncios de Coca-Cola serviram para definir com exatidão como era a figura do bom velhinho. Ao mesmo tempo os estúdios Disney e outros criadores de cinema de animação foram montando todo seu universo. Utilizando parte de lendas preexistentes e inventando outras, centenas de criadores construíram a história de Noel. Com o tempo ele se fixou na Lapônia e se transformou em proprietário de imensa fábrica de brinquedos destinados aos meninos que foram obedientes durante o ano. Seu trenó teve leiaute estabelecido e as renas traços padrões. Entre as renas uma se destacou e hoje é marca com ações na bolsa: Rudolph do Nariz Vermelho, a nona rena de Papai Noel, com um nariz que produz uma luz tão forte que ilumina o caminho das outras no longo percurso da Lapônia até nossas casas. Rudolph é propriedade da The Rudolph Company L.P. e o uso de sua imagem protegido por lei. Todo ano os jornais abrem espaço para uma longa discussão sobre a influência benéfica ou não da lenda nas cabecinhas das crianças. Desde que me entendo por gente, nunca tinha tido uma resposta definitiva. Não perdi por esperar. Gregório Duvivier, entrevistado sobre o assunto, acabou com a discussão. Ele disse: “Se Papai Noel não existe, o que existe?” Lula Vieira é publicitário, diretor do Grupo Mesa e da Approach Comunicação, radialista, escritor, editor e professor lulavieira@grupomesa.com.br jornal propmark - 26 de novembro de 2018 37

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