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edição de 26 de novembro de 2018

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ESPECIAL TV PAgA

ESPECIAL TV PAgA Pirataria afeta setor, qualidade do conteúdo e economia do país Players utilizam tecnologia no combate a downloads e transmissões ilegais; ABTA reforça luta das operadoras contra o “Gato NET” LEONARDO ARAUJO aixa da NET com todos “Cos canais! Na minha mão é mais barato”. Quem passa pela Rua Santa Ifigênia, no centro da cidade de São Paulo, já se acostumou: a oferta de caixas que pirateiam os canais das principais operadoras de TV por assinatura é descarada. E se muitos acham um absurdo comprar tais aparelhos, baixar séries e filmes ilegalmente parece ser visto como um crime “menos” grave. Ledo engano, pois ambos afetam o mercado e dificultam a ascensão da TV paga no Brasil. Segundo a ABTA (Associação Brasileira de Televisão por Assinatura), calcula-se que em dez anos sem um combate eficiente, a fraude de sinal no setor pode extinguir 150 mil postos de trabalho legais e qualificados. A realidade, nua e crua, é que ao baixar ilegalmente uma série ou piratear o sinal, o usuário afeta o desenvolvimento econômico do Brasil. Só o “Gato NET” possui mais de 3 milhões de “assinantes”, o que causa perdas anuais que atingem a casa dos R$ 6 bilhões em receitas ao setor. Muitos pensam: “se eu falar da série e divulgá-la nas redes sociais, vou ajudar e não preciso assinar o canal”. Outro entendimento equivocado. “A pirataria não ajuda a indústria audiovisual em nenhuma instância. Imaginar que um canal de TV se beneficia do buzz causado pelo consumo de conteúdo pirata é uma falsa percepção. A cadeia de produção de conteúdo não é devidamente remunerada quando o conteúdo é consumido de maneira não oficial e isso prejudica a indústria de maneira preocupante”, explica Paulo Barata, CEO da NBCUniversal Networks Brasil. Um dos canais mais afetados pela pirataria é a HBO. Segundo o site TorrentFreak, a série Javier Figueras, vice-presidente corporativo de relações com afiliados da HBO Latin America, uma das mais afetadas pela pirataria Game of Thrones é, há seis anos consecutivos, a mais pirateada da TV. Para Javier Figueras, vice-presidente corporativo de relações com afiliados da HBO Latin America, o impacto na indústria é “gigantesco”. “A pirataria é uma questão crítica que afeta a todos nós, tanto os criadores de conteúdo quanto o público. Temos apoiado iniciativas para combatê-la por vários anos, através de estreita colaboração e responsabilidade compartilhada. Nossos esforços para educar o público e as partes interessadas incluem participar de discussões com representantes do governo e do setor para apoiar reformas legais e de governança, além de fornecer casos de sucesso comprovado que possam ser replicados como melhores práticas para evitar a pirataria”, afirma Figueras. Obviamente, os canais também precisam agir individualmente. No caso da Globosat, o conteúdo original é protegido através de tecnologias como o fingerprint e watermark, monitorando toda a web através de robôs de busca, análise e remoção. “Nesse ponto, a automatização do processo é fundamental para que a operação seja eficiente e enxuta. Outro fator importantíssimo é adicionar cada vez mais inteligência ao processo, fazendo um trabalho de analytics e agregando inteligência artificial e machine learning. As frentes de batalha são inúmeras. Mas é essencial sabermos priorizar os recursos e nos anteciparmos ao avanço de novas formas de pirataria”, explica Manuel Belmar, diretor-geral de operações da empresa. Já a Fox Networks Group Latin America possui uma área específica dedicada ao combate à pirataria, liderada por posições espalhadas por toda a América Latina. “Nossas estratégias baseiam-se em 4 pilares: Fotos: Divulgação “A pirAtAriA é umA questão críticA que AfetA todos nós, tAnto os criAdores de conteúdo quAnto o público” 48 26 de novembro de 2018 - jornal propmark

educação, tecnologia, enforcement e agenda pública. As infrações ocorridas na internet têm crescido nos últimos anos, e tornaram-se a maior ameaça à proteção de nosso conteúdo. Utilizamos diversas ferramentas tecnológicas para monitorar e identificar a pirataria, bem como para removê-la da rede. Em casos mais graves, acionamos judicialmente os responsáveis, e procuramos obter ordens de bloqueio de acesso dos usuários a sites piratas. Temos atuado com bastante eficácia contra a transmissão indevida de nossos direitos esportivos, bem como contra a pirataria de nossas produções originais”, explica Daniel Steinmetz, vice- -presidente sênior de antipirataria da FOX Networks Group Latin America. E é bom que haja automação, pois, assim como um Jack Sparrow encurralado que encontra uma saída inesperada, a pirataria mudou nos últimos anos. Agora, há o streaming ilegal que funciona, principalmente, em grandes eventos, como cerimônias de premiação, esportivas e finais de série. O combate começa com o endosso da lei, com colaboração multifacetada e com o compromisso contínuo de diferentes partes. “Formar alianças com criadores de conteúdo na indústria e com os governos locais para erradicar a pirataria na região é crucial. Faz parte do nosso compromisso continuar a desenvolver e executar estratégias que aumentem a conscientização sobre a pirataria, que são cruciais para manter a discussão entre os líderes da indústria e dar à questão a importância que ela merece”, ressalta o VP da HBO. Um dos pontos destacados pela Fox Networks Group é a importância da educação do público. De acordo com a empresa, tal estratégia serve como meio de prevenir que as novas gerações se engajem em pirataria. “Nosso projeto ‘Liga Antipirataria’ é um exemplo: a primeira campanha educativa do Grupo voltada às crianças, que busca gerar consciência sobre o valor das criações e a importância de se respeitar a propriedade intelectual em todos os âmbitos”, explica Steinmetz. A praticidade também faz parte dos esforços dos players. “Oferecer nosso conteúdo de forma fácil e prática para nossos fãs, através dos app da FOX Paulo Barata, CEO da NBCUniversal Networks Brasil: “A pirataria não ajuda a indústria” Steinmetz: “Utilizamos diversas ferramentas tecnológicas para monitorar a pirataria” e da FOX Sports, também é uma medida bastante eficaz para a redução dos níveis de pirataria. Contudo, ainda é necessário desenvolver novas regulações na América Latina para incrementar o combate às infrações aos direitos autorais, bem como manter ações de enforcement contra os distribuidores de conteúdo pirata”, alerta o VP antipirataria. Vale lembrar que, embora cada empresa do setor adote sua política de combate à pirataria, o Núcleo Antifraude de TV por assinatura da ABTA congrega os esforços compartilhados de operadoras e programadoras e coordena o monitoramento da atividade ilegal, com a participação e cooperação de toda a cadeia de valor desta indústria. Na opinião de Figueras, infelizmente, a pirataria vai continuar crescendo e, exatamente por isso, o combate também precisa evoluir. “Isto é especialmente importante, considerando que o processo administrativo e criminal pode ser muito demorado, o que dá vantagem e tempo aos criminosos para desenvolverem formas alternativas de continuar a piratear e fugir. A maneira mais eficaz de impactar é através dos governos locais, trabalhando conosco e outros criadores de conteúdo, para bloquear imediatamente as páginas mais populares dos sites de piratas. Nossa luta está longe de terminar, e continuaremos oferecendo nossa orientação e experiência para erradicar esse problema crescente”, explica o vice-presidente corporativo de relações com afiliados da HBO Latin America. Conforme destaca Belmar, da Globosat, de forma nenhuma podemos encarar a pirataria como algo benéfico para a indústria. Segundo o executivo, a prática é um dos maiores desafios que o setor enfrenta. “É preciso ficar claro que a produção de séries de qualidade está diretamente relacionada a ótimos roteiristas, atores, produtores, e tudo isso só é possível porque os direitos de exibição são remunerados. Do nosso lado, devemos sempre perseguir modelos de negócio que possibilitem o maior acesso ao conteúdo. Nesse ponto, a chegada das plataformas digitais naturalmente já vem tornando isso mais viável”, finaliza o executivo da Globosat. jornal propmark - 26 de novembro de 2018 49

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