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edição de 28 de janeiro de 2019

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we mkt FernandoPodolski/iStock Noites de Brasília “A estupidez coloca-se na primeira fila para ser vista; a inteligência coloca-se na retaguarda para ver”. Bertrand Russel Francisco alberto Madia de souza Meses atrás, James Wolfe, assessor sênior da Comissão de Inteligência do Senado americano, 57 anos, foi preso sob a acusação de ter mentido para os investigadores. Tudo começou quando Ali Watkins, 20 anos, jovem, atraente, começando sua carreira como jornalista, cruzou com James. Depois de muita insistência acabou deixando-se seduzir por James, por seus pequenos presentes e, principalmente, por informações que rapidamente alavancaram sua carreira. E em pouco tempo foi parar no BuzzFeed News, The Hunfington Post e hoje trabalha para o New York Times, aos 26 anos de idade. A mesma história de sempre, que se repete. Envolvimento de jornalistas e políticos. Segundo muitos, um clássico das noites de Brasília, onde políticos distantes da família e jornalistas solteiras e ascendendo na carreira cruzam-se nos restaurantes e acabam engatando um romance... Alguns jornalistas – homens e mulheres – que hoje ocupam ou já ocuparam posição de destaque na imprensa, engataram namoros e romances com políticos que lhes garantiu furos sensacionais e aceleração na carreira. Dizem que Brasília é a cidade do mundo onde essa situação bate todos os recordes de recorrência. Alguns desses romances vieram a público, como o de um político do Nordeste e uma jornalista, do qual resultou um filho, e matéria de capa na falecida Playboy. Isso acabou gerando uma espécie de pacto entre todos os políticos de todos os partidos. Esse território é sagrado e ninguém denuncia ninguém. PT e PSDB podem se engalfinhar em público. Mas jamais se denunciarão no tocante aos relacionamentos extraconjugais das noites de Brasília. Na noite todos são amigos, fraternos, cordiais, e, acima de tudo, santos. E dessa farra participaram desde FHC, célebre por seus romances com jornalistas, até as meninas que frequentavam a casa pilotada por Palocci durante os governos petistas. Esse recurso tem sido usado de forma recorrente por muitas empresas na busca de informações confidenciais e decisivas de seus principais concorrentes. E, de forma especial, essa prática faz parte da rotina da cidade de San Francisco, e de boa parte das empresas do Vale do Silício. Ou seja, esse tipo de comportamento está muito distante do que é de verdade a Inteligência Competitiva. Que usa todos os recursos possíveis e imagináveis, decorrente da capacidade criativa e de imaginação das empresas, sem jamais, repetindo, jamais resvalar na ilegalidade, corrupção, compra de informações. Putaria, então, nem pensar... Todos temos de usar, sempre e intensivamente, métodos de monitoramento, acompanhamento de todas as movimentações de nossos principais concorrentes, assim como de todas as demais empresas que são referências para as nossas. Mas jamais, em hipótese alguma, atravessar, por um milímetro que seja, os limites impostos pelas normas, leis, regulamentos e, principalmente, ética. Isso sim, é Inteligência Competitiva Genuína, Verdadeira, Natural, Decisiva, que merece todos os Elogios, Respeito, e maior Admiração. Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing famadia@madiamm.com.br 36 28 de janeiro de 2019 - jornal propmark

STORYTELLER microgen/iStock Rio dos infernos Tudo à mão é leque: jornais, bolsas, seja o que for maior que a mão, para produzir um ventinho quente, que não refresca LULA VIEIRA relógio da rua marca 45 graus. O motorista me olha através do retrovisor e O sentencia: doutor, putaqueopariu! Não precisa explicar o porquê. O mundo à minha volta ofega, abana-se, sua e reclama. Tudo está lento, cansado. Tudo à mão é leque: jornais, bolsas, seja o que for maior que a mão, para produzir um ventinho quente, que não refresca, mas serve para respirar. Dentro dos ônibus, gente com olhar de gado a caminho de não se sabe do que, já que o matadouro é o próprio caminho. O motorista tem uma toalha enrolada ao pescoço, úmida, pegajosa. É o que lhe serve para enxugar o rosto, limpar as lágrimas e tudo o mais que lhe escorre pela cara. O uniforme, uma massaroca de pano molhado, mãos escorregando pelo volante. Não se vive num lugar assim. Mesmo no deserto os tuaregues não apeiam de seus camelos (perto da areia o calor é maior, que diga o saco do camelo) nem deixar de usar suas vestes brancas e folgadas, antídoto ao sol. Aqui no Rio tem gente de camiseta preta, mulheres de terninho e até mesmo alguns advogados de paletó e gravata. Isso na rua, claro, pois nos escritórios ou em lugares fechados, o ar-condicionado está permanentemente ligado no máximo. Para que as pessoas possam pensar. Eu tive de fazer uma foto e fui para a Lapa, onde fica o estúdio do fotógrafo. Uma rua que começa na Sala Cecília Meirelles e termina na Escadaria Selarón, um dos pontos turísticos do Rio. Um beco feio, maltratado e quente. A boca do inferno, ainda que a escadaria valha a pena. Turista é bicho louco e gosta do calorão. Até morrer de insolação ou descascar como ovo cozido. Vai daí que ao chegar no prédio do fotógrafo descubro que não há energia. Nem no prédio nem no bairro todo. As pessoas me aconselham a não subir, o edifício tem imensas janelas de vidro que botam o sol para dentro. Há relatos que teimosos desmaiaram. As fake circulam. Um porteiro climatólogo garante que nas salas o calor é de 60 graus, ou mais. Fico na rua, junto com os turistas e habitantes do local, lojistas e profissionais do sexo, expulsos pelo calor inacreditável. Logo abaixo do prédio há um bar, lotado, mas sem nenhuma venda, pois nada funciona. As pessoas usam as cadeiras para descansar. É o que faço, privilégio da idade. Consigo uma água num copo de vidro, quente, mas água. E fico ali, suando e bebericando a aguinha. Alguém que conheço passa num carro pela rua estreita e me dá um adeusinho, de dentro de seu casulo de ar-condicionado. Respondo-lhe. Ele se vai. De repente me ocorre um pensamento: já pensou esse cara contando que me viu, às dez da manhã, bebendo num boteco na Lapa, cercado de putas? Foto perdida, já que a Light garantiu que até o meio-dia a energia voltava e a opinião unânime era que a Light não tem a menor credibilidade e “até o meio-dia” poderia significar já, amanhã ou depois, resolvo ir para casa, para o meu ar-condicionado. Sentado na sala, com um copo de suco com gelo, noto que deixei a porta do quintal aberta e meu cachorro, um imenso Labrador jovem, entrou. Ele não pode entrar em casa. Não só porque é de sua propriedade um enorme quintal, como ele pessoalmente é um desastre ecológico. Onde ele passa não fica pedra sobre pedra, bibelô sobre bibelô, porta-retratos, troféus e obras de arte. Ele destrói tudo à rabadas. Logo, profilaticamente dividimos os espaços . Mas o Moka (esse é o nome dele) entrou. Normalmente ele quando me vê pula em cima de mim. E lambe, gane, se esfrega, abanando o rabo de pura felicidade. Ele me ama. E eu a ele. Mas não deve entrar em casa. Pois bem, estou lá pensando na vida quando o Moka entra, quietinho, mal abananado o rabo, olha para mim, olha para o tapete e devagar, devagarzinho, vai deitar e fecha os olhos. Pensei no calor lá fora. Fingi que não percebi. E ficamos os dois aproveitando a temperatura civilizada e rezando pela alma do Carrier, seu inventor. O céu (onde ele deve habitar) deve ser um lugar fresquinho. Com um labrador amigo fingindo dormir. Lula Vieira é publicitário, diretor do Grupo Mesa e da Approach Comunicação, radialista, escritor, editor e professor lulavieira@grupomesa.com.br jornal propmark - 28 de janeiro de 2019 37

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