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edição de 3 de junho de 2019

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inspiração SeanPavonePhoto/iStock Ele não fala japonês! “Em frente à tal casa, muito antiga, simples e tradicional, ela nos conta que ali havia nascido a mãe do meu pai. Ficamos inebriados” Andre H. SAito especial para o ProPMArK beleza do encontro é minha maior nascente de inspiração. O encontro com o A outro e consigo mesmo, num fluxo constante de transformações. Conto por aqui um dos episódios que expandiram os meus horizontes internos. Janeiro de 2013, Índia – No Sul do país, em uma comunidade chamada Auroville, conheci um jovem japonês chamado Motohiro. Na época, entre canções improvisadas ao violão, ele me ensinou (sem querer ensinar) sobre o foco na fotografia. Contava-me como tudo o que enxergamos (na vida) traz uma simples questão de proximidade, contato e distância. Tudo aquilo me fazia profundo sentido, mesmo sem entender muito o porquê. Corta para. Dezembro de 2016, Brasil – Meu irmão, minha irmã e eu quisemos dar de presente para nossos pais algo que sempre foi um sonho de vida para eles: uma viagem ao Japão. Marco, 72 anos, e Sumiko, 63, são descendentes de japoneses e nunca haviam visitado a Terra do Sol Nascente. Apesar de o sonho ter despertado, meu pai preferiu que fôssemos “mais pra frente”, pois estava cheio de complicações financeiras e não iria aproveitar. Na época, ele estava cego de um olho. Ok, decidimos não ir. Corta para. Fevereiro de 2017, Brasil – Numa manhã cotidiana, meu pai acorda com o segundo olho embaçado. Minha mãe desespera. Em família, todos pensamos: “vamos para o Japão”. Pouco tempo depois, compramos a passagem para maio. [Pesquisando os locais que visitaríamos, lembrei do Motohiro. Nos falamos e descobrimos que, sincronicamente, ele era da mesma cidade da minha avó paterna: Gunma. Pedi para ele ver se encontrava alguém de nossa família por lá. Ele foi até a prefeitura ver os registros familiares, mas não encontrou. Semanas depois, encontramos um cartão com o nome de uma mulher que poderia ter alguma referência da minha avó.] Maio de 2017, Japão – Meu pai, minha mãe e eu estávamos hospedados na casa de Motohiro, quando ele liga para a mulher misteriosa do cartão e marca um encontro. [95 anos depois de minha avó, Shigueru, ter partido do Japão em um navio para o Brasil, estávamos lá, na mesma cidade em que ela nasceu. Lembrei-me muito das milhares de borboletas monarcas que migram de um país a outro durante três gerações – nenhuma percorre todo o percurso em vida]. Chegamos à casa dela ansiosos, receosos e tentando ser gentis. Enquanto tirávamos os sapatos, ela nos olhava séria e desconfiada. Na sala, meu pai contou que estávamos procurando alguém da família. A mulher sai da sala em silêncio. Minutos depois, ela espalha na mesa um monte de fotos antigas. Começamos a olhar e remexer as fotos quando, de repente, encontramos ali no meio uma foto de casamento de meu pai e minha mãe! Ela era uma prima da minha avó! Meu pai ergueu a mão e disse: “Somos da mesma família, muito prazer”. Entre lágrimas e surpresa, ela nos ofereceu várias comidinhas japas. O gelo tinha finalmente quebrado. Papo vem, papo vai, entre português, inglês e japonês, e ela nos convida pra ir conhecer a casa de seu irmão. Entramos todos apertados em um carro pequenininho e partimos. Em frente à tal casa, muito antiga, simples e tradicional, ela nos conta que ali havia nascido a mãe do meu pai. Ficamos inebriados. Entramos na casa. Um casal de velhinhos muito simpáticos, um chá sendo esquentado em um foguinho no chão, um gatinho de estimação e muitos bichos de seda – o casal produz roupas feitas a mão em parceria com os bichinhos. A velhinha, que era amiga de minha avó, sentou ao meu lado, pegou a minha mão e começou a me contar histórias. De dentro do ninho de onde minha avó nasceu, eu escutava àquelas palavras em japonês sentindo um estranho conforto e liberdade, como uma brisa na alma. Pouco depois, alguém lhe disse: “Ele não fala japonês, viu?”. E ela disse: “Não importa... Coração com coração e nos tornamos um”. Bateu em seu peito, bateu em meu peito, e fez sinal de 1. Antes de irmos embora, pegou em minha mão, olhou fundo em meus olhos e disse: “Na minha próxima vida visitarei o Brasil, você cuidaria de mim?”. Eu aceitei. Setembro de 2018, Brasil – Hoje, meu pai está com o segundo olho embaçado, mas nos enxergamos mais. Um dos grandes sonhos da minha vida é dirigir um longa-metragem, e gostaria muito que ele visse. Após tudo o que aconteceu no Japão, terra de nossos ancestrais, compreendi que o reconhecimento que tanto já busquei não virá pelos olhos, mas sim pelo coração. É dali que vem o verdadeiro encontro, a inspiração primordial, onde a distância, o contato e a proximidade se tornam uma coisa só. “Kokoro to Kokoro” (coração com coração), ressoa constantemente dentro de mim, entre flores, chás e uma fina voz. Andre H. Saito, da dupla Kid Burro, é diretor de cena da Stink Films 38 3 de junho de 2019 - jornal propmark

markeTing & negócios AndreaObzerova/iStock TV é essencial para marcas e a programação A publicidade na TV ajuda a oferta de programação disponível a se destacar na mente dos espectadores Rafael Sampaio Um estudo da Xandr, recentemente divulgado, demonstra que a TV, além de ser vital para a expansão e força das marcas de consumo, é mais e mais essencial para o setor de entretenimento e a própria programação televisiva, hoje ofertada em grande quantidade e através das mais diversas opções de tela, da tradicional TV linear, via broadcasting, a cabo ou por streaming, às opções dedeo on demand, seja nos próprios aparelhos de TV como nos computadores, tablets e celulares. Na abertura de seu relatório, a empresa pontua que “os anunciantes e provedores de conteúdo de hoje precisam navegar em um universo de entretenimento em rápida expansão. O número de plataformas e dispositivos está aumentando e novos provedores estão surgindo constantemente. Como os métodos de visualização continuam a evoluir, a natureza desordenada do entretenimento está apenas se tornando mais evidente. A Xandr é uma organização ligada à AT&T e seu nome homenageia o fundador da corporação, Alexander Graham Bell, inventor e empresário que há quase um século e meio deu início a uma das principais revoluções tecnológicas da história. O foco da Xandr é prover inteligência a anunciantes e agências a partir de um dos maiores inventários de programação digital, filme e televisão (através da Warner Media) do mundo. Como afirmam, “através de nossos ativos combinados, incluindo insights de dados, conteúdo premium, tecnologia avançada e distribuição direta ao consumidor oferecemos uma relevante vantagem competitiva - ajudando a melhorar a publicidade de marcas e editores, em favor dos consumidores”. Esse estudo analisou o disputadíssimo mercado americano de programação em vídeo, através de uma pesquisa primária com diários junto a um painel de dois mil consumidores. A análise observa que “contrariando as previsões de que a indústria de TV americana de US$ 70 bilhões estaria se fragmentando, com mais dólares se movendo para os canais digitais à medida que os consumidores cortam sua conexões ao cabo, nossas descobertas mostram que a TV nunca perdeu seu brilho. Na verdade, o consumo de TV está crescendo - é apenas uma questão de como e quando os espectadores escolhem assistir. Cerca de dois terços dos adultos consomem mais de dez horas de conteúdo em vídeo por semana, não apenas por meio de serviços de streaming sob demanda, mas também de TV linear. E dessas dez horas de conteúdo, assistem em média a cinco gêneros e oito shows por semana”. A disputa pela atenção e preferência do consumidor, portanto, é imensa e além de um bom produto, sua divulgação e promoção é essencial, exatamente como acontece com as marcas de produtos e serviços de consumo. Não por acaso, portanto, o negócio de entretenimento e o mundo digital investem cada vez mais em anúncios de TV. Os números indicam que 80% dos entrevistados disseram que assistir a um comercial de TV os torna mais propensos a assistir a um programa, enquanto 70% disseram que ver essa mensagem os inspira a pesquisar mais sobre ele. É a comprovação de um fenômeno que ocorre há mais de 60 anos, quando a TV passou a ser a principal mídia publicitária no maior e mais competitivo mercado do mundo. A pesquisa confirmou o crescimento do consumo do conteúdo apenas através da via digital, que agora é de 25%, contra 10% que só assistem pelo método tradicional. Mas 65% das pessoas consomem conteúdo em vídeo pelas duas vias. Em resumo, os consumidores têm diversas opções para investir seu tempo e atenção. A publicidade na TV ajuda a oferta de programação disponível a se destacar na mente dos espectadores e dá a eles a confiança de que um programa é digno do investimento de seu tempo. Rafael Sampaio é consultor em propaganda rafael.sampaio@uol.com.br jornal propmark - 3 de junho de 2019 39

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