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edição de 4 de junho de 2018

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Cannes “Para discordar

Cannes “Para discordar ou defender uma peça, é preciso retórica” Divulgação Álvaro Rodrigues, CEO da Fullpack, será jurado em Cannes pela terceira vez, a segunda na área de Rádio. Antes, avaliou outdoors, e a experiência lhe ensinou que fazer parte do júri é contexto, é explicar o que não está dito com alguma competência. A experiência dele no festival começou como Young Creative, em 1998. Para ele, é rico o debate em torno do que é premiável. Ele compara a experiência a fazer parte da ONU, só que, nesse caso, as nações unidas defendem a criatividade. Veja a seguir principais trechos da entrevista. Álvaro Rodrigues: “Fazer parte do júri é poder ajudar o seu país” Claudia Penteado Contexto Uma peça com potencial para concorrer em Cannes e festivais internacionais sabe que vai passar por um critério altíssimo de avaliação. Criatividade, inovação, craft, pertinência ao meio e à categoria, tudo isso é levado em consideração. O que será avaliado não é propriamente a questão de ser popular ou não. Mas se a ideia feita e pensada para rádio é boa ou não. A peça pode ser local. O importante é que ela venha com uma nota, uma referência para o júri, explicando o seu contexto ou uma característica particular da sua regionalização. Isso pode fazer a diferença entre a short-list e um Leão. Áudio O uso da tecnologia deu um novo fôlego ao rádio, dando possibilidades infinitas de inovação. Hoje, um texto pensado para o meio compete com uma ação que usa o GPS do carro, a sua geolocalização para ativar uma mensagem. O RDS. A frequência. Tudo é levado em consideração para a criação de um projeto transgressor e absolutamente pertinente ao rádio. Este ano, a categoria somou o “áudio”. Será no mínimo interessante julgar não só spots e cases como a atuação de um ator em um comercial tomando como base a sua locução. ComPetitivo O Brasil é um país musical. Isso é um ativo inegável. Resta saber se esse ativo será usado de maneira competitiva em Cannes. O Brasil vem crescendo a sua performance na categoria. No ano passado, foram sete Leões. Em 2015 e 2016, quatro. O que demonstra que o país tem pensado, criado e produzido material cada vez melhor para o meio. relação Tenho uma relação de longa data com o festival. Meio que um ciclo profissional com ele. Comecei a minha experiência em Cannes da melhor forma possível: sendo um Young Creative. Fiz parte da delegação carioca (junto com o Andre Kassu e o Rodrigo Mendonça) em 1998. De lá para cá, foram 26 Leões conquistados, com uma subida ao palco inesquecível pelo Leão de ouro com o Ursinho Elo (DM9Rio). Essa é a minha terceira participação como jurado. Duas em rádio e uma em outdoor. Cada uma dessas idas a Cannes teve um objetivo, recompensa e aprendizado. resPonsabilidade É uma honra e uma responsabilidade tremendas. A experiência é obviamente única. Conecta você com trabalhos e pessoas de todos os lugares. Gosto de fazer parte do júri. Fui duas vezes jurado no D&AD. Presidente do júri no Fiap no México. Cada um com a sua característica, particularidade. É interessante poder rever os “amigos de júri” a cada ciclo de festival. Conexões que você leva para a vida, além daquela semana de trabalho intenso. Ser jurado em Cannes pelo Brasil tem um peso muito grande. Historicamente, nós somos grandes ganhadores de Leões. O país espera que nós, jurados, possamos ajudar nessa performance vencedora. Para você discordar ou defender uma peça, é preciso retórica. Para isso, tem de dominar a língua inglesa. É sempre rico participar desses debates. É como fazer parte da ONU. Neste caso, as nações unidas defendem a criatividade. Critério Escolher o melhor. Daquele ano. Daquela categoria. Esse deve ser o critério de um jurado. Simples assim. Geralmente, o presidente do júri envia uma carta para os jurados dividindo as suas expectativas, o “norte” para o nosso trabalho, o que devemos buscar. Estive em um júri que o presidente nos disse: “Elejam o trabalho que daqui a 20 anos ele seja realmente um referencial de inovação e criatividade no meio, que daqui a 20 anos, as próximas gerações de criativos se orgulhem do que era feito”. Fazer parte do júri é poder ajudar o seu país. Isso é óbvio. Ajudar com a retórica local, dando contexto, explicando o que não está dito, isso faz a diferença. esPeCial Ser jurado em Cannes 2018 tem um significado especial: vamos fazer parte do Cannes que mudou, do festival que se reinventou, mudou categorias, ficou mais curto, enfim, mudou para continuar sexy. Nós ainda somos muito fortes no craft de press e outdoor. Nossa direção de arte criou uma escola onde o mundo entrou para estudar. Não podemos comparar o volume e o nível de produção de filmes com outros países. A discussão em mobile e digital também ocorre em um nível altíssimo. A boa notícia é que, mesmo assim, conquistamos 99 Leões no ano passado, em categorias diferentes. 36 4 de junho de 2018 - jornal propmark

cANNEs “Nossa produção está no mesmo ritmo do mundo” Divulgação Sócio e produtor-executivo da Vetor Zero, Alberto Lopes vai representar o mercado brasileiro no júri da competição Film Craft. Ele chegou à produtora em 1989, três anos após a fundação do negócio. Conhecida pela expertise em animação, ganhou mais projeção internacional com a Lobo Filmes. Responsável pela comunicação das empresas e desenvolvimento de estratégias comerciais, Lopes também atua na contratação e gestão da carreira de profissionais e, junto com o sócio Sergio Salles, é responsável pela identificação de joint ventures. Nesta entrevista, Lopes mostra como observa o mercado de produção e suas expectativas para o Cannes Lions deste ano. Alberto Lopes, da Vetor Zero, vai estar na comissão julgadora do Film Craft Lions Paulo Macedo EVOLUÇÃO A produção brasileira está no mesmo ritmo do mundo, tanto técnica como artistica, e nos últimos três anos, apesar da crise, nosso mercado entregou filmes muito sofisticados e com excelência. A execução de um filme é tão importante quanto sua ideia e o valor do investimento, que devem ser equilibrados para não sobrar nem faltar recursos. Ela evoluiu no sentido de não ter ficado para trás como em outras áreas de negócios do país. É claro que o volume de investimento em produção publicitária do Brasil é um nada dentro da economia, no entanto acompanhamos o mundo quando falamos de qualidade de entrega. VALOR A execução é tão importante quanto a ideia. Assim, produtoras e agências trabalham na busca da melhor forma de materializar o conceito em um filme. Nosso trabalho é fugir das soluções óbvias, buscar ser o mais ‘esperto’ possível em termos técnicos e artísticos para potencializar a cria- tividade da ideia e a eficiência da mensagem, que é o que deve ter forte impressão em um comercial. NEgóciO Existe uma distorção no mercado brasileiro que vem prejudicando muito o negócio da produção publicitária. Os anunciantes, ao contrário do resto do mundo, ignoram que as produtoras devam receber parte do pagamento antes de ir às filmagens. Efetuam os pagamentos numa média de 60/70 dias a partir do green light para execução do trabalho, enquanto todos compromissos da produção são quitados pela produtora em, no máximo, 40 dias do mesmo start. Este fato aumenta o risco da produtora, fragiliza muito a operação e tira a produtora do foco do negócio, que “Temos peças brasileiras inscriTas que não deixam nada a desejar aos gringos” deveria ser a melhor gestão dos recursos alocados pelo cliente para a produção com sua expertise de mercado, e nunca o de assumir o financiamento do projeto. Os clientes correm o risco de sufocar parceiros importantes e consistentes para produção de suas peças de comunicação. E isto ocorre apenas no Brasil, as mesmas empresas se comportam de forma diferente quando produzem fora do país, adiantando os pagamentos antes das filmagens. PREPARAÇÃO Para evitar acúmulo e poder fazer um bom trabalho, tenho dedicado duas a três horas do dia para a fase de pré-seleção dos filmes que são submetidos a cada integrante do júri. Isto já é um warm up natural, pois, além de assistir a cada filme dentro das quatro categoria técnicas do Film Craft, há bastante o que ler sobre os projetos. cRAFT Quando temos a capacidade de somar técnicas tradicionais, o olhar de criativos, produtores, diretores, fotógrafos e diretores de arte com tecnologias de ponta, podemos dizer que estamos trabalhando para atingir o estado de craft; é assim que ele é percebido nos filmes, com o encantamento que só o novo pode trazer. Cannes é certamente a maior oportunidade de valorizar os projetos mais inventivos e espetacularmente executados do mundo. Temos peças brasileiras inscritas que não deixam nada a desejar aos parceiros gringos. ANiMAÇÃO A nossa cultura de animação nos traz uma rotina de pesquisa constante de estilos e narrativas. Competir com estúdios estrangeiros gera uma ‘musculação’ permanente que nos mantém alinhados com os movimentos do mercado global. O vigor criativo é refletido nos tratamentos e soluções que trazemos para os projetos para os quais somos convidados. jornal propmark - 4 de junho de 2018 37

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