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edição de 4 de setembro de 2017

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inspiração

inspiração Criatividade para fazer sentido Para Elisa Gorgatti, o exercício criativo da publicidade pode não ter a durabilidade dos monumentos seculares da Itália, mas será eterno se a mira inspiradora estiver nas pessoas 44 4 de setembro de 2017 - jornal propmark

Fotos: Arquivo Pessoal Elisa Gorgatti, sócia e diretora de criação da Today Elisa GorGatti Especial para o ProPMarK Elisa Benedetta Gorgatti. Meu nome dá uma leve pista sobre a minha origem. Começo falando isso, porque, para mim, não existe falar sobre inspiração, música e criatividade sem falar do povo italiano. Se pararmos para pensar nas obras milenares dos romanos, por exemplo, veremos que foi a partir de ideias inovadoras que eles revolucionaram da construção civil às sobremesas. Sim! Há fortíssimos indícios de que eles criaram o sorvete a partir da neve! Além do desejo assumido de dominação, tudo que os romanos realizavam tinha também um grande propósito: fazer diferença na vida das pessoas. Durante as últimas férias, tive o privilégio de assistir a uma ópera na Arena di Verona, um anfiteatro romano de quase dois mil anos. E ali, a música, a criatividade e o foco nas pessoas se juntaram explicitamente. Era impossível acreditar que não havia microfones. Foi maravilhoso perceber que a técnica lírica nasceu para que o maior número de pessoas pudesse usufruir da música, mesmo estando muito longe de quem estivesse cantando. Em menor proporção, era o mesmo que ocorria na minha casa aos fins de semana, quando o meu pai pegava seu violão na cozinha e a sua voz ecoava pelos cômodos. Foi isso que despertou em mim o lado criativo e musical. E, aos 5 anos, comecei a compor. As músicas no piano e violão eram um sucesso na Rádio Estrela. Pouparei vocês dos detalhes infames desse conteúdo, mas o fato é que, entre um quadro e outro, elas também estavam lá: as propagandas. Pois é! Eu inventava anúncios, afinal, eram eles que bancavam minha rádio imaginária. Meus únicos dois ouvintes, Mamma e Papà, foram cruciais para eu começar a entender que a criatividade só tem sentido quando ela está a serviço de quem a recebe. Então, no melhor italian-style-direto-e-reto, meus pais foram me mostrando como lapidar melhor as minhas criações para que elas efetivamente fizessem sentido. E aí veio minha primeira certeza: vou ser artista para que mais pessoas possam ouvir o que tenho a dizer. Só que esse caminho não é fácil. Decidi guardar o sonho numa gaveta e retomar meu outro lado criativo: aquele que fazia as propagandas inventadas. E assim foi. Investi nesse caminho fortemente. Só que, mais uma vez, percebi que se o que eu criasse não estivesse pautado no que as pessoas e as marcas querem e precisam, de nada valeria o esforço. Nesses dez anos de carreira publicitária, vi o quanto nossa criatividade é autocentrada. E vi o quanto os criativos esquecem de olhar para as pessoas. Para seus sentimentos, comportamentos e histórias. Crise. Sim, tive uma minicrise em 2015, porque não estava mais enxergando valor naquilo que eu fazia. De repente, como num estalo, a música voltou a fazer parte da minha vida. E sabe como? A serviço das pessoas. No fim desse mesmo ano, criei uma empresa chamada Músicas Personalizadas. O nome pode não ter nada de criativo, mas o propósito tem: fazer músicas a partir da história de cada um. Músicas que contam histórias únicas, que falam dos sentimentos e sonhos. E, por mais irônico que isso pareça, foi a partir daí que comecei a fazer campanhas melhores e com resultados mais efetivos. Porque voltei o meu olhar sobre as pessoas com as quais meus clientes precisavam se comunicar. Eu sei. Talvez nossas criações não atravessem os séculos como os anfiteatros romanos, mas acreditem: se o propósito delas for focado nas pessoas, eu garanto que elas serão eternas enquanto durarem. Origem é referencial Há dez anos na publicidade, Elisa Gorgatti ativa a memória com os cenários milenares da Itália ancestral, que estão no seu DNA. Cenários como a Arena di Verona (foto à esquerda), o coliseu romano, a casa dos pais, basílicas (foto acima), a música. Tudo inspira, mas a melhor fonte são as pessoas jornal propmark - 4 de setembro de 2017 45

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