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edição de 5 de agosto de 2019

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Por que e para que

Por que e para que montar os lounges? Um dos pilares da nossa empresa é criar experiências - “pop up experiences” em conferêneNTReviSTa Shelley ZaliS fundadora e CEO do Female Quotient a liDeRaNÇa aiNDa eSTÁ NaS MÃOS, pReDOMiNaNTeMeNTe, De hOMeNS Shelley Zalis é fundadora e CEO do Female Quotient, uma empresa focada em atuar no avanço da igualdade de gênero no ambiente de trabalho, através de diferentes soluções, que vão desde promover discussões e debates em espaços montados em eventos como Cannes Lions, SXSW, Davos e CES, a prestar consultoria para as lideranças das maiores empresas do mundo. Shelley atuou na área de pesquisa e foi a única CEO mulher entre as 25 maiores empresas do setor. Sua empresa, a Online Testing Exchange, foi vendida para a Ipsos em 2010. Sua missão, hoje, como ela diz, é “unir a indústria em torno da igualdade”. CLAUDIA PENTEADO Como você criou o projeto Female Quotient? Comecei o Girls’ Lounge há cerca de seis anos, com o objetivo de ser o contraponto ao “Boy’s Club”, o Clube dos Meninos. Costumo dizer que evoluímos de um momento para um movimento. Fui a única mulher entre os 25 maiores executivos do meu setor durante toda a minha carreira. Sempre me achei diferente, agi diferente, uma espécie de exceção para a regra, e foi daí que ganhei o apelido “chief trouble maker”. Eu costumava quebrar as regras e criar novas. Certo dia, queria ir para a CES (Consumer Electronic Show) e ouvi falar que haveria 130 mil pessoas, sendo menos de 3% mulheres. Era intimidador. Convidei quatro amigas, pedi que elas convidassem suas amigas e assim, 24 horas depois, éramos 50 mulheres chegando “SomoS a maior comunidade de mulhereS apoiando mulhereS noS negócioS do mundo” juntas à conferência. Duas coisas interessantes aconteceram ali: chamamos a atenção. E encontrei mulheres com as mesmas questões que eu, de equilíbrio e síndrome de impostora, entre muitas outras. Assim nasceu o Girls’Lounge e depois criei a minha empresa, o Female Quotient. Já conectamos mais de 80 mil mulheres globalmente. Somos a maior comunidade de mulheres apoiando mulheres nos negócios do mundo. De onde vem o nome? O nome FQ vem do fato de que se você adicionar mulheres a qualquer equação, haverá um ganho em igualdade. Não defendemos a ideia de que somos melhores do que homens. Apenas defendemos que as mulheres precisam ser incluídas na equação de maneira mais igualitária. É assim que se transforma a cultura. 24 5 de agosto de 2019 - jornal propmark

cias como Cannes, por exemplo. Não há como mudar qualquer ambiente sem interação. Sem conversas transparentes, autênticas. Temos feito os FQ Lounges em várias partes do mundo, é um lugar para receber as mulheres e conversar, discutir. Para mudar regras, temos de falar de liderança. A liderança ainda está nas mãos, predominantemente, de homens. Montamos cerca de 60 lounges por ano e o próximo passo é criar lounges permanentes em universidades de 117 países. Outro pilar é o Business of Equality - vamos nas 500 maiores empresas da Fortune realizar treinamentos de transformação de mindset com as lideranças. Para ajudá-los a se tornarem conscientes do que está inconsciente. Tenho uma equipe de cerca de 27 pessoas trabalhando nisso. Na publicidade, a presença feminina evoluiu? Qual a sua visão da área? Somos os cofundadores da hashtag SeeHer para criar novos parâmetros de igualdade na indústria, que possam ser medidos, especialmente quando se trata das indústrias de comunicação e entretenimento. Há mais de 90 grandes anunciantes envolvidos nisso. A #SeeHer está tornando anunciantes mais conscientes a respeito do tema em todo o mundo. Igualdade é uma escolha, e costumo dizer que muitas vezes o “viés inconsciente” não passa de uma boa desculpa. E se torna um mecanismo automático. Temos feito bootcamps dentro de empresas para falar sobre isso e diversas questões, como políticas internas, paridade e processos, com o intuito de desenvolver lideranças conscientes, criação consciente, produção consciente. Os movimentos que defendem a igualdade de gênero muitas vezes têm sido acusados de colocar os homens em posição de permanente defensiva, deixando-os inseguros sobre como agir e sobre o seu lugar na conversa, ao não reconhecer que nem todos os homens são iguais. O que você acha disso? Todos os movimentos que surgiram fizeram um ótimo trabalho criando conscientização e principalmente apontando maus comportamentos. No que acho que não fomos muito bons, foi em reconhecer que nem todos os homens são assim, e isso fez com que a maioria deles entrasse em defensiva, com medo de dizer a coisa errada, de serem acusados. Educação e conscientização são muito importantes no processo. Falamos da regra de platina - e não da de ouro. A de ouro é “não faça aos outros o que não gostaria que fizessem com você” e a de platina é “faça aos outros o que gostaria que fizessem com você”. Porque as pessoas são diferentes. O que é apropriado para mim, pode não ser para você. O que estamos procurando fazer é orientar mulheres para que se, em algum momento, um homem a fizer se sentir desconfortável, que ela lhe diga. Antes que isso se torne uma questão. Ou uma denúncia. Ter times, nas empresas, mais diversos, facilita a maior compreensão entre as pessoas. Se você não se coloca no lugar do outro, dificilmente vai entender como o outro se sente. Simpatia é diferente de empatia. Empatia é o “Ter TimeS, naS empreSaS, maiS diverSoS, faciliTa a maior compreenSão enTre aS peSSoaS” que move o mundo e, olhando para o futuro da masculinidade, é importante considerar tudo isso porque pelo menos 36% dos homens dizem que a cultura espera deles que eles sejam fortes, todo-poderosos, masculinos. Mas o fato é que os melhores líderes hoje têm qualidades femininas. Qualidades masculinas seriam ser assertivo, agressivo, linear, analítico. E qualidades femininas seriam, por exemplo, ser colaborativo, cuidador, ter paixão. São necessidades para a grande liderança hoje. Estamos trabalhando nisso. Criamos uma campanha chamada Make Equality Moves, em que abordamos microssentividade, microagressões e como criar microações para transformar. Dar passos adiante. Como o Cannes Lions, por exemplo, evoluiu, na sua visão, em relação à igualdade de gênero? Estamos em Cannes há seis anos, e começamos com o Girls’ Lounge. Se fizermos um balanço, temos hoje as mesmos questões - como igualdade salarial, representação feminina no palco, representação real de mulheres e meninas em anúncios -, mas o que mudou é que estamos mais conscientes dessas questões e estamos mais focados em soluções. Estamos indo para além da conversa, para criar soluções para mudanças e ações de responsabilidade. Estamos transformando a mudança em uma escolha consciente. Que marcas hoje são parceiras do projeto, ajudando a mantê-lo forte? Temos mais de 40 parceiros no FQ Lounge, comprometidos com o avanço da igualdade, desde empresas de mídia como o The New York Times, até empresas de serviços financeiros como o Citibank, a empresas de consultoria como a PwC. Gosto de dizer que somos movidos a colaboração, “powered by collaboration”, e não a dinheiro. Juntos vamos mais longe, e mais rápido. jornal propmark - 5 de agosto de 2019 25

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