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edição de 6 de junho de 2016

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STORYTELLER Velhas

STORYTELLER Velhas viagens A boa história prescinde da verdade. Necessita apenas da verossimilhança e da possibilidade LuLa Vieira Eduardo Domingues me contou uma história sobre o pai dele, Caio Domingues, que me pareceu mentira. Fiquei em dúvida se eu contava pra vocês, já que, não sendo verdade (eu achei), poderia perder a graça. Como se o encanto de uma história dependesse do fato dela ser real. Uma bobagem. Nenhuma boa história necessita de um detalhe tão desimportante quanto ter acontecido ou não. A boa história prescinde da verdade. A boa história necessita apenas da verossimilhança e da possibilidade, se é que vocês me entendem. Voltando ao caso e ao Caio. Alguém aí se lembra do Caio? Pois eu afirmo, digo e assino que parte importante do meu currículo é ter o privilégio de ter conhecido o Caio Domingues. Digo mais, sem querer me gabar: ele me conhecia pelo nome. E me abraçava. Coisa mais do que suficiente para eu me achar um cara decente. Caio, que eu saiba, jamais apertou a mão de filho da puta. A história: o Caio, de vez em quando, viajava entre Rio e São Paulo, em viagem num expresso chamado “Trem de Prata”, que tinha vagões-restaurante, salas de estar e cabines individuais. Uma viagem que fazia a delícia de quem sabe curtir a vida. Dava pra embarcar no Rio de Janeiro, biritar com amigos no vagão-bar, ouvir um bom piano, dar uma trepadinha (ou só dormir, se fosse o caso) e chegar em São Paulo. A mesma coisa que se pode fazer num avião lowprice, sentado numa poltrona dura, comendo uma barra de cereal e tomando água mineral ou Coca Diet. A viagem é a mesma. O destino também. Mas, como diria aquela índia do filme Matar ou Morrer: “se você não entende a diferença, não adianta explicar.” Caralho, e o Caio? Pois é. O Caio. Ele, uma vez, embarcou no trem na estação do Rio de Janeiro, foi direto para a cabine, abriu a malinha, vestiu o pijaminha, escovou os dentes, arrumou os lençóis e deitou-se. Enquanto Caio dormia, um trem de carga descarrilhou, provocando pane em todo o sistema ferroviário entre Rio e São Paulo. Nenhum trem sequer saiu da estação. Um verdadeiro caos. Mas Caio, um justo, sonhava em sua cama. No trem parado. A zona lá fora foi tão grande que ninguém se lembrou de acordar o Caio. E ele, às oito da manhã, levantou-se, tomou seu banho, escovou os dentinhos, fez a barba, vestiu o terno e a gravata e saiu. Exatamente onde tinha embarcado. Foi daí que ele descobriu que a vida pode proporcionar surpresas incríveis. Tais como um trem que não sai. Logo não chega. Ou seja: nesse caso você está onde quiser. No destino ou já de volta. Depende do ponto de vista. Cogitando essas coisas, Caio foi ao bar da estação e, pela primeira vez na sua vida, tomou um pingado num copo de vidro. Percebeu que era um raro caso de viajante que estava chegando sem ter partido. E, fosse qual fosse a sua decisão sobre o que fazer naquela manhã, nada tinha mais importância do que o fato de que algo muito engraçado tinha acontecido. Lula Vieira é publicitário, diretor da Mesa Consultoria de Comunicação, radialista, escritor, editor e professor lulavieira@grupomesa.com.br 36 6 de junho de 2016 - jornal propmark

desIgn Imagens acessam mais informação relacionada à emoção, diz pesquisa Estudo da Narita mostra que método baseado em escolhas de representações gráficas é mais eficiente do que perguntas e respostas Vinícius noVaes As imagens atingem a emoção, facilitam o entendimento do discurso, trazem mais insights para a criação e ampliam o volume de informações, além de tornarem a obtenção de respostas mais rápida e direta. Essas foram as conclusão do estudo Como as imagens podem revelar a verdade por trás do discurso do consumidor?, feito por Mario Narita, diretor-geral da Narita Design & Strategy. O estudo foi feito com 116 homens, com idade entre 20 e 28 anos, a maioria solteiro e com uma particularidade: todos possuíam muitos pelos no corpo e não realizavam nenhum tipo de procedimento de depilação. O método via imagens obteve respostas 20 vezes mais rápidas que o método tradicional, de perguntas e respostas. Além disso, a pesquisa revelou que os conteúdos também se mostraram mais emotivos – foram 44% mais respostas emocionais por meio de imagens – ao passo que o segundo método, o entrevistado tendia a racionalizar as respostas. “As pessoas tendem a mentir em três ocasiões: sobre pressão, quando se exigem respostas rápidas e quando você não quer estragar a sua imagem”, conta Mario Narita. As imagens, afirma Narita, simplificam o entendimento e facilitam a identificação e expressão de sentimentos. “A imagem vai direto nas emoções, você nem pensa”, destaca. A tese, que foi aprovada no curso de MBA da Berlin School of Creative Leadership, defende que o método via imagens consegue acessar os sentimentos profundos, como a necessidade de pertencimento e relacionamento. Já o método de pergunta e resposta traz aspectos puramente racionais. Os entrevistados responderam como eles se sentiam depilados. A conclusão dos dois métodos se Estudo foi feito com mais de 100 homens, com idade entre 20 e 28 anos, com uma particularidade: todos tinham muitos pelos no corpo “as pessoas tendem a mentir em três ocasiões: sobre pressão, quando se exigem respostas rápidas e quando você não quer estragar a sua imagem perante os outros” assemelhava. Ambos mostravam a limpeza e a refrescância como desejo final. “Porém, houve a necessidade de um aprofundamento mais detalhado sobre o resultado, pois, na cultura brasileira, o fator limpeza é um primordial e deveria ser desconsiderado para observarmos outros fatores de segundo plano”, diz. “Assim, em uma análise mais aprofundada, novamente fatores emocionais se destacaram no conjunto obtido pelo método via imagens”, complementa. LímbIco O estudo busca, entre outras coisas, aprimorar os processos de pesquisas do mercado, sempre com foco no conhecimento das emoções humanas. Desde 2013, a Narita Design & Strategy utiliza o Processo Límbico. O método proprietário da empresa de design já foi utilizado em anunciantes como AmBev, Bic e Boticário, entre outros. O estudo parte de uma série de estímulos visuais, elaborados por um time formado por uma psicóloga e profissionais de criação e planejamento, e tem a meta de identificar quais as formas, as cores e as ideias que acionam o Sistema Límbico (região cerebral responsável pelas emoções) do público-alvo. “Mesmo com inúmeros cases bem-sucedidos, que utilizaram o Processo Límbico em criações de posicionamento e portfólio de produtos, achava importante ter um aval acadêmico. E foi justamente isso que conseguimos com a aprovação da tese. A literatura que envolve o tema como: mentir, atuação do cérebro, comportamento humano, psicologia atitudinal e técnicas de investigação só deram mais corpo e base para o Processo Límbico, que evoluiu muito ao longo dos anos”, diz a Narita. Thanapun/Shutterstock jornal propmark - 6 de junho de 2016 37

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